Opinião | São João de Caruaru 2024 – um show de cultura popular 

Opinião
Publicado por Redação
5 de junho de 2024 às 22h50min
Foto: Jorge Farias

Por Mabel Cavalcanti*

O São João de Caruaru é, sem dúvida, o maior do mundo em todos os sentidos. Uma celebração repleta de cores vibrantes, emoções à flor da pele e uma organização exemplar.

A emoção transborda ao ver a Orquestra de Pifanos sob a batuta mágica do maestro Mozart. É uma verdadeira explosão de ritmos e talentos, com músicos trajados na dignidade da beleza clássica, misturando-se harmoniosamente com os elementos da nossa cultura, como o chapéu e a sandália de couro. Desmistificamos a visão de que o popular deve ser simplório, celebrando, em vez disso, a grandiosidade e a riqueza da nossa cultura.

A batuta do maestro Mozart simboliza cuidado, qualidade e disciplina. Foram mais de 120 artistas no palco no compasso da orquestra. 

A fusão do clássico com o popular é aclamada e aplaudida com fervor pelo público. E como não se emocionar com o encontro de gigantes: Mozart e Carlinhos Brown. Vindos da periferia, com um histórico de trabalhos sociais e militância cultural, eles trazem ao palco uma avalanche de emoções, abrindo as cortinas do tempo para um novo que veio para ficar.

Como não sentir o arrepio na pelo dos shows de Flavio José e a volta do mestre Jorge de Altinho. Além da leveza com o toque da juventude do Mano Walter. 

O São João de Caruaru é uma festa viva, que se reinventa e se molda aos anseios do povo. Em 27 polos resignificados, trabalhados na nova estética cultural, a ornamentação em várias ruas trazendo as cores da vida, no cenário de luzes e cores da resistência. Toda esta celebração se confirma como a maior festa popular do Brasil e uma das maiores do mundo.

Percorrendo o pátio, vejo o novo e o tradicional dialogando de forma luminosa. Do Polo Camarão, outrora o desestruturado forró do candeeiro, ao Polo do Repente Poeta Lídio Cavalcanti, tudo se encontra e se encanta. Há polos para todos os gostos: Polo Rildo Hora, Polo Azulão, Polo do Pífano Sebastião Biano, Polo da Estação Ferroviária, Polo dos Brincantes, Polo do Alto do Moura numa festa que se renova a cada ano. É uma celebração dos ritmos do povo.

Este é o São João de Caruaru, a maior festa junina do mundo, composta por 80% de artistas da cidade oferecendo uma rica diversidade de ritmos. Assim como outras festas populares, ela é transversal e diversificada, refletindo a alma do seu povo.

E este ano, terei a alegria de contemplar tudo isso de cima da roda gigante, a mesma do Rock in Rio – um evento que nunca pude ir, mas que aqui poderei aproveitar de graça. De cima, contemplarei a grandiosidade do que conheço e admiro de perto  sob o olhar da estátua do Rei do Baião Luiz Gonzaga. 

Eita Caruaru arretada! São 72 dias de festa, incluindo o São João na Roça, valorizando a zona rural, seu povo, sua história e seu tempo.

Parabéns ao prefeito Rodrigo Pinheiro, todas as secretarias envolvidas, os órgãos operativos, as parcerias, os patrocinadores e colaboradores, ao presidente da FCC Hérlon Cavalcanti e toda sua equipe pela condução é claro ao nosso povo e todos os artista de todos os segmentos.

Sinto um orgulho danado de ser do país de Caruaru.

*Doutoranda em Sociomuseologia na Universidade Lusófona, Lisboa-Portugal 

Redação

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