A crise que a votação da PEC dos Precatórios causou no PDT gerou uma troca de farpas na sessão da Câmara de Caruaru, desta quinta-feira (04). O vereador Leonardo Chaves (PSDB) foi quem puxou o assunto, criticando a aprovação do projeto.

“Ter direito a receber um precatório, passar muitos anos, a ansiedade, os cálculo que a pessoa faz: ‘quando eu receber, eu vou comprar minha geladeira, vou comprar meu carro, vou comprar isso, comprar aquilo outro’, fazer todos os cálculos e chegar numa situação dessa, numa hora dessa, a Câmara Federal vota a favor de um calote. Desse maior calote que eu já vi dado em cima do povo brasileiro”, disse Leonardo, que relembrou a época em que ele mesmo esperou 17 anos para receber o pagamento de precatórios.

Diversos parlamentares se posicionaram repudiando a votação. Aline Nascimento (Cidadania) disse recordar a época quando seu pai, o ex-vereador Zé Ailton, também recebeu uma quantia de precatórios após anos de luta. Já Anderson Correia (PP) citou as categorias de profissionais da educação e saúde que serão prejudicadas com o parcelamento.

Com resultado apertado, a PEC 23 passou em primeiro turno recebendo 15 votos da bancada pedetista, que foram determinantes para a aprovação. O posicionamento do partido veio após orientação do líder da legenda na Câmara, deputado Wolney Queiroz. O vereador Fagner Fernandes, eleito em Caruaru pelo PDT e que faz parte do grupo do parlamentar, tentou justificar a ação.

“O deputado federal Wolney Queiroz, ele poderia votar contra, mas ele é líder da bancada do PDT e como líder e como democrata que ele é, mesmo contrariando o seu posicionamento, ele jamais poderia ser contra a maioria”, disse Fagner Fernandes, que concluiu: “Ele seguiu com com a bancada do PDT, mesmo contrariando o seu posicionamento, mesmo contrariando a sua ideia. Nós temos que recordar que ele vem votando contra alguns projetos que o governo Bolsonaro encaminha àquele Congresso e a favor do povo brasileiro, do povo pernambucano, do povo de Caruaru”.

Sem citar nomes, o vereador Jorge Quintino (PTB) fez uma referência aos parlamentares que representam Caruaru em Brasilia.

“É extremamente interessante observar os deputados existentes, que estão mais próximos de nós. Como é que esses deputados votaram? Quais os interesses reais deles? Quais aqueles deputados que constroem um discurso de esquerda e colocam em prática um absurdo deste? Então, as redes sociais, então, a população de maneira geral, está clamando por entender esse discurso, e clamando por entender aquela ideia ‘faça o que eu digo, mas não façam o que eu faço’, não é verdade?! Essa análise é uma análise que está muito próxima a nós e pessoas que apoiam esses deputados precisam fazer uma reflexão sobre este apoio”, alertou.

Já a vereadora Perpétua Dantas (PSDB), fez duras críticas citando o percentual dos precatórios que vão para emendas parlamentares. Ela tem histórico junto a movimentos sociais e depois do rompimento com Raquel Lyra (PSDB), decidiu se aliar ao grupo dos Queiroz alegando identidade nas pautas defendidas. A parlamentar também evitou nomear os deputados.

“Infelizmente é um calote, é uma vergonha. Vai ter uma segunda votação na Câmara Federal e a gente vai ficar na torcida ‘pra’ que isso seja revertido. Até porque parte desse dinheiro, minha gente, também vai ‘pra’ emenda parlamentar lá dos deputados. Um ano de eleição, que é o ano que vem. Então, vocês imaginem o que é que vai acontecer com esse dinheiro”, advertiu a vereadora. 

O presidente da Câmara de Caruaru, Bruno Lambreta, também comentou o assunto e fez questão de alfinetar o voto de Wolney.

“Foi deprimente, ontem, ver o que nós vimos. Me sinto mais tranquilo que o deputado federal que eu depositei minha confiança em 2018 votou contra esse projeto. O deputado federal Daniel Coelho me deu esse alívio de ter tido essa sensibilidade de não acompanhar esse retrocesso, essa negociação […] Quem se posicionou a favor da PEC vai prestar contas à população”, finalizou o presidente da Casa.