Ciro no seu pior estilo
Um dia após o fim do segundo turno, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) voltou a causar polêmica com suas declarações. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o pedetista bateu no PT e alfinetou lideranças políticas do PCdoB e PSOL, que integram o chamado campo progressista no país. Ao mesmo tempo que Ciro constrói sua caminhada para tentar pela 4ª vez disputar a Presidência da República em 2022, ele atua para isolar antigos aliados que hoje ele enxerga como adversários.
Ao se colocar como centro-esquerda, Ciro Gomes faz um aceno para tentar reunir mais legendas em torno do seu projeto, a exemplo do DEM, que em Fortaleza fez o gesto de apoiar José Sarto (PDT) nessa reta final das eleições, contribuindo com o resultado positivo. Mas a grande aposta é o PSB, que também tem se deslocado do seu campo político de origem para realizar acordos pragmáticos. Os socialistas tiveram uma importante vitória em Pernambuco e ganharam força para, quem sabe, compor a chapa presidencial.
Há um bom tempo, o inventado cearense, paulista de nascimento segue afastando quem também diz ter os mesmos objetivos que os seus, ao invés de agregar e somar apoios, mesmo que por conveniência. Seu jeito intempestivo pode ser um calo no sapato dos ciristas que o veem como alternativa viável para vencer o bolsonarismo. Seus acessos de raiva fazem de Ciro mais um destemperado que tenta chegar ao cargo mais alto do Brasil.
Racional – Ao tomar conhecimento das palavras disparadas por Ciro Gomes (PST), o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) fez questão de deixar registrado que não iria responder ao pedetista devido ao “apreço e respeito” ao ex-ministro, mas acima de tudo, para não “acirrar conflitos desnecessários”.
Isolamento – Nos bastidores a mensagem direcionada ao PCdoB por Ciro foi identificada como uma espécie de tentar afastar o partido do bloco que vem sendo idealizado pelo pedetista. As urnas deixaram claro que os eleitores não toleram mais um certo radicalismo na política, e o movimento é de descolamento para tentar conquistar os mais diferentes apoios.
Gesto – O prefeito reeleito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira (PL), não só pediu votos para Marília Arraes (PT) como também acompanhou a petista na coletiva pós-resultado. Por serem de campos políticos distantes, a atitude foi vista como um ato de solidariedade à candidata derrotada.
Expulsão – Após o resultado do 2º turno no Recife, membros do Partido dos Trabalhadores apresentaram ao Diretório Nacional o pedido de expulsão do ex-secretário de Saneamento da capital pernambucana, Oscar Barreto (PT). Ele foi um dos que defendeu a aliança com o PSB e desferiu algumas críticas a candidata do partido.
Descaso – Ao visitar o arquivo da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe, o prefeito eleito Fábio Aragão (PP) ficou surpreso com o que encontrou. Carteiras escolares e documentos amontoados um por cima do outro. Ao que tudo indica, será difícil o futuro gestor obter as informações necessárias sobre o atual governo.