Os que lutaram contra o golpe militar de 1964 receberam uma homenagem na Assembleia Legislativa. Um pouco antes, houve a Caminhada do Silêncio, ato político-cultural que aconteceu no Monumento Tortura Nunca Mais em repúdio aos 60 anos do golpe militar, por memória, verdade, justiça, reparação e democracia.
Os participantes do ato caminharam até a Alepe para participar da homenagem aos que resistiram nesse período de regime autoritário. A proposição foi do deputado estadual Waldemar Borges (PSB). A deputada Dani Portela (PSOL) presidiu a reunião, representando o presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB).
“Não podemos esquecer, jamais, da violência desmedida e das agressões sofridas por muitos daqueles que lutaram contra o golpe. Milhares de brasileiros e brasileiras foram presos, torturados, exilados e assassinados durante os anos de chumbo da ditadura militar. Entre eles, muitos pernambucanos e pernambucanas, cujas vozes foram silenciadas à força e cujos sonhos de construir uma sociedade justa foram interrompidos pela brutalidade do regime autoritário”, frisou o deputado Waldemar Borges em seu discurso.
“Ao contar a verdadeira história do que ocorreu no Brasil nesse período, buscamos manter viva a chama que nos conecta aos nossos antepassados que lutaram pela liberdade, e assim podemos reafirmar nosso compromisso com a democracia enquanto um valor universal inegociável”, completou o deputado.
A deputada Dani Portela lembrou que é filha adotada porque seu pai ficou estéril por conta das inúmeras torturas que sofreu durante a ditadura militar. “Se estamos fazendo essa homenagem é porque outros vieram antes de nós para contar essa história. A história da minha vida perpassa com história da luta pela democracia em nosso país”, disse.
O ex-deputado e ex-vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, representou os homenageados. “Dizem os historiadores que a cada momento importante da vida de um país, a sociedade é convidada a revisitar a sua história. E cada vez que nós revisitamos a nossa própria história, o fazemos descobrindo ou percebendo mais elementos para compreensão da nossa trajetória como nação e como povo. É preciso que a palavra de ordem “Ditadura nunca mais” seja dita pelas novas gerações ao revisitar essa história e compreender o significado do que é o regime autoritário”, reforçou.
O deputado Waldemar Borges dedicou a reunião aos 51 mortos e desaparecidos políticos que foram identificados e que constam na lista da Comissão da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara e também ao seu pai, conhecido por Deminha, ex-deputado cassado na Ditadura Militar.
Também fizeram parte da mesa, o presidente do Conselho Deliberativo do Memorial da Democracia e secretário executivo de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Jaime Asfora; o promotor de justiça e coordenador do Centro de Apoio da Cidadania, representando o procurador geral de Justiça do MPPE, Marcos Carvalho, Fabiano de Melo Pessoa; o presidente da OAB-PE, Fernando Ribeira Lins, o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Marcelo Canuto; o representante da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, Padre Fábio Potiguar, o reitor da Unicap, Padre Pedro; e o filho do Dr. Fernando Coelho (in memorial) – primeiro presidente da Comissão da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, Ricardo Coelho, que recebeu uma placa da Alepe em homenagem ao seu pai em nome dos que lutaram contra o golpe militar de 64.