2024: Será o ano de Rodrigo Pinheiro?

Opinião
Publicado por Redação
28 de dezembro de 2023 às 07h00min
Foto: Jorge Farias

Por Vanuccio Pimentel*

No começo do ano escrevi um artigo aqui no Blog Cenário no qual eu discuti alguns dos desafios para o prefeito Rodrigo Pinheiro ao longo de 2023. O principal deles era a necessidade de Rodrigo se tornar uma força política com vida própria.

O ano de 2023 chega ao fim com algumas conclusões. A primeira é que Rodrigo foi bem sucedido em se popularizar na cidade. Ele soube usar bem a exposição da festa de São João para se projetar e também tem feito um trabalho muito positivo nas redes sociais. Dois pontos importantes e que merecem destaque.

Porém, a disputa majoritária é um jogo mais complexo do que o São João e as redes sociais. Ela envolve estratégia, estrutura política e capacidade de analisar a conjuntura.

Na estratégia, o prefeito cometeu um erro de grandes proporções: anunciar a saída do PSDB sem nem mesmo ter outro partido para se filiar. Resultado: ainda não saiu do PSDB e continua sem ter para onde ir.

Quando se trata da construção de uma aliança política, o resultado não é muito melhor. O prefeito terminou o ano anunciando o apoio do Agir36 e do PMB para o seu projeto de reeleição. Francamente, e com todo respeito às agremiações partidárias, esse é um resultado muito distante do que era esperado e daquilo que foi amplamente propalado pelo próprio Rodrigo.

Ao longo de 2023, inúmeras foram as matérias que divulgavam Rodrigo “quase batendo o martelo” com Raquel Lyra, depois “quase batendo o martelo” com o PV e, por fim, anunciando que estava quase tudo certo para ingressar no Republicanos. E nada disso se concretizou esse ano. Isto é uma derrota política.

O outro ponto é a capacidade de analisar a conjuntura. O grupo político do prefeito raciocina localmente e não consegue ir mais além. Eles acham que manter junto os vereadores, os suplentes e outras lideranças locais é suficiente para garantir uma vitória.

Eles não percebem que uma cidade do porte de Caruaru é uma peça-chave no jogo político nacional. Nada vai acontecer de relevante aqui que não seja de interesse das forças políticas nacionais e estaduais. As decisões partidárias serão tomadas em Brasília e não aqui. E quando as forças políticas se movimentam nacionalmente modificam o jogo local.

Este é um problema claro para Rodrigo Pinheiro. O isolamento político estadual e nacional é um sinal de que ele só será apoiado por um partido político de peso se isso for interessante para o jogo político nacional. De outra forma, só os partidos menores e sem estrutura estarão próximos. E, sem tempo de Rádio/TV e recursos do fundo eleitoral, não se ganha uma eleição em um colégio do tamanho de Caruaru.

A única surpresa positiva que Rodrigo pode encontrar em 2024 é o apoio de Raquel Lyra, que pode agregar densidade política e partidária. Sem isso, ele vai para a disputa muito enfraquecido, se for.

*Mestre e doutor em Ciência Política (UFPE)

Redação

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