Pousadas de Noronha querem “revisão” de acordo entre Estado e União

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Publicado por Karol Matos
22 de março de 2023 às 09h50min
Foto: Divulgação

A Associação das Pousadas de Fernando de Noronha emitiu uma nota pedindo revisão do acordo que será assinado nesta quarta-feira (22), formalizando a gestão compartilhada do arquipélago entre o Estado e União.

O grupo formado por 32 empreendimentos locais diz que reconhece o esforço do Governo do Estado e que a formalização do acordo “aponta para um cenário favorável”. Entretanto, o texto pede que algumas condições sejam revistas, como o número máximo de visitantes por mês.

“Embora preveja um bom número de turistas na ilha por ano, 132 mil pessoas no total, o acordo determina quantidade igual de visitantes por mês, de 11 mil pessoas, o que não traduz a realidade da ilha ou mesmo da atividade turística”, diz um trecho.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será recebido pela governadora Raquel Lyra (PSDB), para um almoço no Palácio do Campo das Princesas. Na ocasião, o acordo para a gestão compartilhada de Noronha será assinado. O ministro Ricardo Lewandowisk também estará presente, representando o Supremo Tribunal Federal.

O Blog Cenário entrou em contato com o Estado para buscar um posicionamento sobre a manifestação da associação de pousadas do arquipélago. Assim que houver uma resposta, esta matéria será atualizada.

Confira a íntegra da nota das pousadas:

A Associação das Pousadas de Fernando de Noronha, que reúne 32 empreendimentos em funcionamento regular no arquipélago, reconhece o esforço do Governo de Pernambuco para a assinatura do acordo de gestão compartilhada da Ilha com a União, o que aponta para um cenário favorável para os que nela habitam e atuam regularmente. Tal acordo é importante para um futuro mais promissor, no que diz respeito à sustentabilidade, preservação do ecossistema único de Fernando de Noronha e do equilíbrio socioeconômico da ilha.

Ao mesmo tempo em que saudamos a assinatura do acordo, avaliamos que, com relação ao número permitido de visitantes no arquipélago, não foi levada em consideração uma característica concernente à atividade do turismo, que é a sazonalidade. Assim como em todo e qualquer destino do mundo, Fernando de Noronha conta com alta e baixa temporadas, o que exige do trade local um esforço constante na divulgação dos serviços oferecidos e também do destino.

Embora preveja um bom número de turistas na ilha por ano, 132 mil pessoas no total, o acordo determina quantidade igual de visitantes por mês, de 11 mil pessoas, o que não traduz a realidade da ilha ou mesmo da atividade turística.

Outro ponto a ser considerado é a finalidade da visita: servidores e profissionais de áreas diversas não vão para fazer turismo. É comum a entrada de profissionais a serviço das próprias pousadas, que devido ao caráter emergencial do trabalho prestado – o que inviabiliza o tempo hábil para o pedido de dispensa da taxa ambiental – entram na ilha pagando a TPA como se turistas fossem. Ficam poucos dias na ilha e não movimentam a economia como um visitante a lazer. Isso é facilmente verificado pela diferença entre o número de turistas que ingressam na ilha e quantos de fato visitam o Parque Nacional.

A Associação das Pousadas de Fernando de Noronha solicita ao Governo de Pernambuco que tais questionamentos do trade sejam levados em consideração e reitera sua disposição para um diálogo aberto com o poder público por acreditar que este é sempre o melhor caminho para garantir o desenvolvimento sustentável do destino.

Karol Matos

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