Pel Lages é inocentado de denúncia de compra de votos

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Publicado por Karol Matos
25 de abril de 2022 às 15h30min
Foto: Divulgação

O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) decidiu, em segunda instância, inocentar o prefeito de São José da Coroa Grande, Pel Lages, do processo que investiga a suspeita de abuso de poder econômico e político do gestor. Ele e a vice-prefeita, Bruna de Odacir, ambos do Cidadania, tinham sido condenados em primeira instância pela cassação dos mandatos. A denúncia se baseou em um áudio do prefeito, em que ele oferece um incremento salarial em troca de apoio. A mensagem foi enviada a um servidor conhecido como “William do Abreu”, em referência à comunidade onde mora.

“Meu amigo Wiliam, como é que você ‘tá’, meu velho? Meu irmão, segunda-feira quero dar uma sentadinha com você, ‘pra’ gente alinhar umas coisas aí no Abreu, que a gente, a partir de agora, vai começar, viu, e eu quero você numa área de frente aí. Vou dar uma ajuda lá no teu salário ‘pra’ gente começar a resolver mais broncas aí, viu? ‘Pra’ gente fechar o grupo aí no Abreu, ‘viu’? ‘Tá’ certo?’ Neguinho ‘tá’ com a gente, aí. Você é liderança. Essa semana, ‘tô’ indo ‘pra’ lá, ‘pra’ gente conversar, viu. Não feche com ninguém, não. Simbora, ‘pra’ gente ganhar a eleição, ‘viu’. Deus te abençoe, meu velho. Um abraço”, diz a íntegra do áudio.

Segundo a defesa, o material trata-se de um diálogo feito em 2019, sobre a eleição para o Conselho Tutelar e, com isso, não houve abuso de poder. Já a acusação apontou que não acredita no argumento, alegando que, ainda que não tivesse sido algo relacionado às eleições municipais de 2020, caracterizaria compra de voto.

O Ministério Público Eleitoral entendeu que não haveria motivo para que Wiliam agisse na eleição do Conselho Tutelar, já que ele não estava envolvido, nem apoiando qualquer um dos candidatos. Ainda segundo o MP, William teria mandado a mensagem para José Barbosa (PSD), que era candidato a prefeito na época. Após o compartilhamento do áudio, o servidor se mostrou indignado, escrevendo que “não era besta e estava com Barbosa”, deixando claro, conforme o MP eleitoral, que se tratava de um diálogo sobre as eleições municipais de 2020.

Em sua fala, a relatora, desembargadora Mariana Vargas, reforçou que, em audiência, o próprio Pel Lages confirmou que o áudio era de sua autoria. Entretanto, ela afirmou que não há como confirmar a data do envio do áudio. A relatora ainda disse que Willian não apoiou o atual prefeito e não teve o aumento de salário prometido. Ela ainda considerou o fato como um caso isolado, não tendo visto com gravidade, já que não gerou mudança nas eleições. Por não ter sido “concluído” o crime de compra de voto, a relatora votou pela concessão do recurso, sendo seguida pelos demais magistrados. Assim, prefeito e vice-prefeita não perderão seus mandatos.

Karol Matos

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