Cenário Político: endurecimento de restrições à vista

Cenário Político
Publicado por Américo Rodrigo
15 de março de 2021 às 00h00min
Foto: Hélia Scheppa

Coluna da segunda-feira

Desde a última semana, a possibilidade de o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), endurecer as medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19, tem gerado muitas dúvidas e também dividido opiniões. Apesar do aumento de leitos em todo estado, a população não tem cooperado e o número de pacientes que necessitam de UTI continua crescendo. Um exemplo disso é o Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, que atende 53 municípios do interior. Na sexta (12) pela manhã, a unidade recebeu 10 novos leitos de terapia intensiva; à tarde, alguns deles já estavam ocupados e outros aguardando a chegada de pacientes. 

De acordo com o último decreto, a restrição de funcionamento de alguns setores segue até a próxima quarta (17), mas se os casos continuarem se agravando, será necessário um endurecimento das restrições, seguindo o mesmo caminho adotado pelos estados da Bahia e do Ceará. Apesar das decisões serem consideradas impopulares, elas são essenciais e chegam de forma tardia de acordo com infectologistas.

Algumas medidas econômicas foram anunciadas neste final de semana, como a prorrogação, por 120 dias, dos prazos de pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para microempresas e também uma nova linha de crédito emergencial específica para micro e pequenas empresas, liberando empréstimos de até R$ 50 mil por empresa, podendo ser parcelado em até 30 meses.

Os setores que mais têm criticado as medidas adotas por Paulo Câmara são os de bares, restaurantes e eventos, que clamam por um socorro para minimizar os prejuízos acumulados. Caso seja mesmo decretado lockdown na próxima quarta-feira, ou “medidas ainda mais rígidas”, como o gestor pernambucano prefere chamar, é necessário que as ações também sejam acompanhadas de mais acenos ao setor produtivo para que demissões em massa e o fechamento de empresas não continuem aumentando as tristes estatísticas.

Proposta indecente – Em tom de ironia, o ministro do Turismo, Gilson Machado, propôs aos governadores e prefeitos que cortem seus salários de acordo com as fases de medidas e isolamentos que aplicarem nos estados e municípios. Os gestores dos locais que estivessem em fase vermelha, por exemplo, receberiam apenas 25% do salário. O aliado do presidente é daqueles que quando se posicionam não contribuem com nada.

Manifestação – Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro saíram em carreata por algumas ruas de Caruaru, neste domingo (14). Entre as queixas estavam as medidas restritivas decretadas pelo governador Paulo Câmara (PSB). O ato finalizou no Tiro de Guerra, onde alguns presentes entoaram palavras de ordem em apoio ao chefe do Executivo. Muitos dos manifestantes não faziam o uso da máscara.

Fim da fila – Em meio a tanta pressão, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, deve mesmo deixar a pasta. Após surgir como forte candidata para assumir o cargo, a médica Ludhmila Hajjar parece que perdeu a preferência depois que Bolsonaro ouviu um áudio atribuído à profissional. No material, ela classifica o presidente como “psicopata”. Em outro momento, ela já tinha criticado o atraso na vacinação e condenado o uso de cloroquina para o tratamento da doença.

Malas prontas – De acordo com a Revista Veja, o ex-presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), confirmou que vai se filiar ao MDB. O movimento será feito após autorização do TSE, para não correr o risco de perder o mandato. Ele levará o pedido à Corte nos próximos dias. Entre outros partidos, Maia também recebeu convite para ingressar no PSDB e PDT. 

Mudança de planos – Enfraquecido dentro do PSDB, o governador de São Paulo, João Doria, passou a cogitar uma reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. O movimento acontece após o tucano ser encolhido por setores do partido que defendem o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para disputar a Presidência da República, além da mudança que aconteceu no cenário político, com o ex-presidente Lula elegível. “Nada deve ser descartado”, declarou Doria.

Américo Rodrigo

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