MPPE sugere adiamento para o aumento de passagens no Recife

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Publicado por Américo Rodrigo
27 de janeiro de 2021 às 07h00min
Foto: Divulgação/MPPE

Para discutir o aumento das passagens de ônibus no Grande Recife, assim como a superlotação nos veículos coletivos, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) promoveu, nesta terça-feira (26), uma reunião entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado de Pernambuco (SEDUH), o Consórcio de Transporte Metropolitano Grande Recife (GRCT/CTM), a Federação dos Usuários dos Transportes de Passageiros do Estado de Pernambuco e a Frente de Luta pelo Transporte Público, por videoconferência na plataforma Google Meet. A proposta é que haja um aumento de tarifa de 8,7%, passando de R$ 3,45 para R$ 3,75 no Anel A; e de 8,5% no Anel B, passando de R$ 4,40 para R$ 5,10.

O promotor de Justiça André Felipe Menezes, que convocou a reunião, levantou questões pertinentes como a dificuldade que os usuários terão para pagar a nova tarifa por causa da crise financeira em que se encontra o país na pandemia, sobretudo o alto índice de desemprego, o que complicaria muito o deslocamento para quem busca emprego e está sem renda. Assim, ele sugeriu que houvesse uma postergação no aumento das passagens. “É preciso refletir se o momento é propício para aplicar esse reajuste, se não haveria uma maneira de recalcular esse aumento, inclusive com mais transparência e participação popular nas discussões”, considerou André Felipe Menezes.

Entre as justificativas dadas pela SEDUH e GRTC/CTM foi a pandemia de Covid-19 durante quase todo o ano passado, o que gerou um déficit de arrecadação, tanto pela redução no número de ônibus quanto pela menor quantidade de passageiros transportados por quilômetro rodado. “A rentabilidade foi bem menor em 2020. O que queremos é que o sistema tenha sustentabilidade”, afirmou o diretor de Operações do Consórcio de Transporte Metropolitano Grande Recife, André Melibeu.

Em contrapartida, o Governo do Estado e o Consórcio Grande Recife oferecem a criação de uma tarifa social a ser aplicada fora dos horários de pico, vigorando nos dias úteis das 9h às 11h e 13h às 15h. Nestes horários, o preço baixaria de R$ 3,75 para R$ 3,35 no Anel A e, de R$ 4,40 para R$ 3,75 no Anel B. Estes valores menores seriam cobrados apenas para pagamento por meio da bilhetagem eletrônica, por usuários do VEM Comum.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Bruto, o Estado já está estrangulado em fornecer subsídios para o transporte público, pois desde o ano passado a arrecadação caiu devido à pandemia, além de a tarifa estar congelada desde 2018. “O aumento seria para que, em fevereiro, devolvêssemos à população um aumento paulatino da frota de ônibus, até chegar a uma normalização”, contou ele.

Marcelo Bruto ainda elencou os esforços feitos para que o sistema atendesse a demanda de forma a mais segura possível em tempos de pandemia, como: mitigar o nível de aglomeração em terminais, reforço na higienização de terminais e veículos, uso obrigatório de máscaras no interior de terminais e veículos, reforço de pessoal para ordenação das filas de espera, extinção do prazo de validade dos créditos do cartão VEM, suspensão dos descontos aos domingos para desestimular a saída das pessoas de casa, minimizar o uso de dinheiro em espécie. “Há momentos complicados, como restringir o número de pessoas a embarcar no ônibus para evitar lotação, que, no entanto, gera acúmulo de gente na fila”, comentou ele.

O secretário garantiu que mais melhorias virão, como implantação de novas faixas exclusivas para ônibus, novas licitações e revisão de contratos de empresas, aumento nas frotas das linhas de maior lotação.

Ao final, o promotor de Justiça André Felipe Menezes confirmou presença na reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano – CSTM no próximo dia 05 de fevereiro e insistiu para que os órgãos gestores pensem em alternativas ao aumento tarifário e aumentem a frota de ônibus nas ruas, ficando acertado que SEDUH e GRTC/CTM apresentarão resposta na próxima segunda-feira (1º), em reunião marcada do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), que terá a participação do MPPE.

Américo Rodrigo

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