Ao deixar o Ministério da Justiça durante coletiva, o ex-ministro Sérgio Moro fez questão de tornar públicas as fragilidades do governo Bolsonaro. Sua saída vinha sendo cogitada desde ontem (23), quando o presidente anunciou a troca do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

A fala de Moro foi avaliada como uma delação, onde ele apontou supostos crimes de responsabilidade, a exemplo de falsidade ideológica, quando sua assinatura digital foi usada na demissão de Valeixo sem que ele soubesse. Um outro fato que chama atenção é o interesse de Bolsonaro em fazer interferências na PF. Segundo Moro, o presidente quer na diretoria alguém para quem ele possa ligar e pegar relatórios sobre as investigações.

Da mesma maneira que Moro abriu o caminho para Bolsonaro chegar ao poder, ao apontar fatos que podem resultar em um impeachment, ele abre para sua saída. Alguns apoiadores do presidente já pedem sua renúncia temendo uma destituição.

Na semana passada, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já tinha sido exonerado do cargo. Nos bastidores da política ainda há a especulação de uma possível saída do ministro da economia, Paulo Guedes, o que desmontaria de vez o governo Bolsonaro. Todo esse entra e sai de pastas acontece em meio a uma pandemia, que mais parece ser coadjuvante em toda essa novela que ainda está longe de acabar.