Folha Política
Renata Bezerra
O PDT jogará todas as fichas na candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. Quanto a isso, não restam dúvidas. A contratação recente de João Santana por um ano, inicialmente, diz muito sobre isso. Seguindo tudo como planejado, o marqueteiro deve assumir o comando da campanha presidencial do ex-ministro. Em Pernambuco, o PDT trabalha desde 2016 para ter o apoio do PSB nessa corrida pelo Planalto. E os movimentos recentes de recomposição entre socialistas e petistas acendem, naturalmente, o sinal de alerta em pedetistas. Presidente estadual do PDT e líder do partido na Câmara Federal, Wolney Queiroz, à coluna, é taxativo: “O cenário nacional nos obriga a ter alternativa em Pernambuco”.
Ele não arrodeia sobre os esforços envidados junto aos socialistas, nos últimos anos, no sentido de reforçar o projeto nacional da legenda. “Eu trabalho para ter apoio do PSB desde 2016”, recorda. Ali, os pedetistas tinham no páreo a pré-candidatura de Isabella de Roldão à Prefeitura do Recife. Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi chegou a cumprir agenda na Capital em apoio ao nome dela, mas a sigla recuou em prol da candidatura de Geraldo Julio. Em 2020, mais uma vez, o PDT retirou a postulação de Túlio Gadêlha para apoiar a postulação de João Campos e trouxe o próprio Ciro Gomes para grande ato de campanha do herdeiro de Eduardo Campos na Capital.
Entre 2016 e 2020, o PDT chegou a apostar no apoio do PSB a Ciro na corrida pelo Planalto, mas acabou assistindo ao PSB se declarar neutro no 1º turno em troca de apoio do PT à reeleição do governador Paulo Câmara. “Não deu certo em 2018, mas avançou muito em 2020”, pondera Wolney Queiroz. Apesar dos pesares, o dirigente não joga a toalha. “Acredito que o PSB continua sendo um parceiro preferencial do PDT nacionalmente”, assinala.
As duas últimas decisões recentes do STF favoráveis ao ex-presidente Lula não facilitam a vida de Ciro. A despeito disso, o PDT abraça, hoje, a tese de que o presidente Jair Bolsonaro não terá musculatura para chegar ao 2º turno. Isso acarreta a leitura de que não haveria favorito para vencer o atual chefe do Planalto, equiparando as chances dos concorrentes. Pernambuco, no entanto, é parte decisiva nesse xadrez e peça-chave para o PSB, que trabalhará para fazer o sucessor de Paulo Câmara. Só que é tão relevante quanto para o PDT. “Se o PSB estiver com o PT em Pernambuco, estaremos em outro palanque”, adianta Wolney. Deixa claro que não há hipótese de o PDT não erguer palanque para Ciro no Estado.