Prestes a encerrar seu ciclo de uma década à frente do PSB, Carlos Siqueira reforçou sua confiança na dobradinha Lula-Alckmin e destacou a necessidade de mudanças no campo progressista. Em entrevista ao Estadão, o dirigente não poupou críticas ao desempenho da esquerda e alertou para os desafios que o governo Lula precisará enfrentar no próximo ano.
Siqueira foi enfático ao defender a permanência de Geraldo Alckmin como vice em uma eventual candidatura de Lula à reeleição. Para ele, trocar de companheiro de chapa seria uma decisão equivocada. “Nenhum presidente poderia desejar um vice melhor do que ele. Alckmin é leal, trabalhador e tem uma trajetória impecável. Não mantê-lo não seria uma atitude de bom senso”, afirmou.
Ao avaliar o cenário político atual, Siqueira reconheceu que o governo precisa corrigir sua rota para reconquistar o eleitorado. “2025 será um ano crucial. O governo precisa acertar mais do que tem acertado até agora. A população tem expectativas altas e espera resultados concretos”, disse.
O presidente do PSB também fez um alerta sobre o papel da esquerda no Brasil e no mundo. Segundo ele, há uma insatisfação crescente com governos progressistas, o que exige um processo de autorrenovação. “A esquerda precisa se reconectar com a sociedade, e isso passa por repensar a forma como nos apresentamos. O identitarismo, por exemplo, precisa ser analisado para que possamos dialogar melhor com setores como o eleitorado evangélico”, pontuou.
Siqueira deixará a liderança do PSB nos próximos meses, e o prefeito do Recife, João Campos, é o nome mais cotado para assumir a presidência do partido. Apesar da iminente saída, o dirigente deixa claro que continuará defendendo uma esquerda renovada e um governo Lula mais eficiente. “Os desafios estão postos. Cabe a nós saber como enfrentá-los.”