O Governo do Estado prorrogou mais uma vez a execução das obras do Hospital da Mulher do Agreste, em Caruaru. Os serviços, que de acordo com a última prorrogação deveriam encerrar no fim deste mês seguirão por pelo menos mais dois meses, até o fim de setembro.
De acordo com despacho assinado pela secretária de Saúde, Zilda Cavalcanti, a vigência do contrato com a empresa de engenharia Plinio Cavalcanti & Cia LTDA seguirá até novembro deste ano. Ela foi contratada no último ano da gestão de Paulo Câmara e toca os serviços até os dias atuais, na administração de Raquel Lyra (PSDB).
A unidade começou a ser construída em 2013, deveria ter sido entregue em 2014, mas teve os serviços paralisados em 2016. A obra passou pelas gestões de Eduardo Campos, João Lyra Neto (pai da governadora) e Paulo Câmara, ficando de herança para a tucana, que sempre foi crítica do atraso para a entrega.
O empreendimento teria um custo inicial de R$ 46,7 milhões e estava com 60% dos serviços concluídos, quando a obra foi retomada em 2022. Até aquele momento, mais de R$ 28 milhões já tinham sido gastos. O novo contrato assinado dois anos atrás pelo ex-governador para a retomada da obra tinha o valor superior a R$ 29 milhões.
Entretanto, de acordo com levantamento realizado pelo Blog Cenário através de dados consolidados no Portal da Transparência, entre julho de 2022 e julho de 2024 mais de R$ 36,6 milhões referentes aos serviços do Hospital da Mulher do Agreste já foram pagos à empresa. Confira abaixo:
Gestão Paulo Câmara
- 2022
13 pagamentos realizados entre 25.07.2022 e 28.12.2022, totalizando R$ 8.939.486,21;
Gestão Raquel Lyra
- 2023
18 pagamentos realizados entre 27.03.2023 e 28.12.2023, totalizando R$ 19.427.223,67;
- 2024
13 pagamentos realizados entre 28.02.2024 e 12.07.2024, totalizaram R$ 8.269.791,21 neste ano de 2024.
Somados os 24 meses decorridos, a empresa responsável pela obra já recebeu mais de 26% acima do valor anunciado em 2022. Em agosto do ano passado, a governadora Raquel Lyra tinha prometido que o Hospital da Mulher do Agreste seria inaugurada no fim de 2023, sendo a primeira das cinco maternidades prometidas por ela na campanha. Atualmente, a chefe do Executivo estadual evitar cravar datas, mas afirma que a unidade começará a funcionar em breve.
A unidade será voltada ao atendimento integral à mulher para cerca de 32 municípios do Agreste. Além de uma maternidade de alto risco e casa da gestante, o hospital contará com setor de diagnósticos, urgência e emergência, e setor de internamento. Com mais de 13.000 m², a unidade terá com 157 leitos, sendo 44 de puerpério, 30 de alto risco, 30 de gestante, 11 de uti adulto, 20 de UTI neonatal, 15 de UCI neonatal e 07 de recuperação pós-anestésica.
O Hospital da Mulher ainda está no centro de um outro debate porque, quando inaugurado, causará o fechamento do Hospital Jesus Nazareno (FUSAM), que terá seus leitos realocados para a nova unidade de saúde. Pacientes e profissionais realizaram diversos protestos contra a mudança, criticando a medida, já que na verdade não haverá ampliação de atendimento obstétrico.