Por Vanuccio Pimentel*
A aliança entre o PDT e o PSDB em Pernambuco é, sem dúvida, um dos movimentos políticos mais bruscos que se tem notícia na política pernambucana.
É um movimento brusco, porque representa um forte deslocamento do PDT em Pernambuco, que ao longo de décadas esteve alinhado à Frente Popular de Pernambuco, o campo histórico da centro-esquerda no estado, e passou à centro-direita com a aliança com a governadora Raquel Lyra. E até o momento, não é possível identificar sequer um ganho político para o partido.
A indicação de Ismênio Bezerra para a Secretaria de Infância e Juventude deveria representar um espaço de protagonismo do PDT junto ao Governo de Pernambuco. Mas, ao contrário, trata-se de uma Secretaria invisibilizada, sem recursos, sem ações relevantes e com um “problema” histórico: a Funase.
Outro ponto é que a aliança com a governadora Raquel Lyra atrapalhou diretamente os objetivos estratégicos do PDT em Pernambuco: a eleição de Zé Queiroz em Caruaru e o retorno de Wolney Queiroz à Câmara Federal.
Wolney é o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, a pessoa de confiança do ministro Carlos Lupi e a segunda pessoa na linha de comando do Ministério. Zé Queiroz é uma liderança histórica do partido, cuja eleição foi definida como uma das prioridades nacionais do PDT. Mas, a governadora Raquel Lyra tem jogado todas as suas fichas na reeleição de Rodrigo Pinheiro (PSDB).
Especificamente no Recife, o PDT acabou por se desestruturar. Apesar de manter uma relação histórica com a Frente Popular, de administrar a Secretaria de Trabalho e Qualificação Profissional na Prefeitura do Recife, o partido continua sem candidato a prefeito na cidade. E corre o risco de nem apresentar uma nominata para a disputa proporcional.
A manutenção do PDT na Prefeitura do Recife se dá unicamente pela estreita relação entre o prefeito João Campos e Wolney Queiroz. A governadora Raquel Lyra havia garantido a filiação de Túlio Gadêlha ao PDT para a disputa no Recife. Nem Túlio Gadêlha voltou para o partido e nem o partido retomou o apoio oficial a João Campos.
Por fim, a governadora não filiou nenhuma liderança relevante para o partido, nem apresentou nenhum candidato do partido à disputa municipal. Não há dúvidas de que o PDT não ganhou absolutamente nada com esta aliança. Resta apenas um mistério: o que o partido ainda está fazendo no governo Raquel Lyra?
*Doutor em Ciência Política (UFPE) e professor Adjunto II – Asces-Unita
Opinião