
Por Vanuccio Pimentel*
Erick Lessa foi um dos fenômenos mais importantes da política de Caruaru nos últimos 30 anos. De fato, ele foi o primeiro candidato fora dos grupos políticos tradicionais que conseguiu disputar uma eleição com chances reais de vitória.
Sua notoriedade pública veio por meio da Operação Ponto Final e alçou Lessa à condição de postulante nas eleições municipais de 2016. Vale lembrar que a cidade vivia uma crise na segurança pública que potencializou as chances de Erick Lessa chegar ao segundo turno.
A disputa pelo segundo lugar com Raquel Lyra foi bastante acirrada. Esse desempenho foi crucial para que Erick obtivesse êxito na disputa pelo mandato de deputado estadual. A partir daí, começou um novo ciclo. A crise da segurança pública diminuiu com a chegada do BIEsp e Lessa, não percebendo a mudança de pauta, não expandiu o seu eleitorado para além deste nicho.
A oportunidade perdida de ampliar o diálogo com outras faixas do eleitorado foi sentida nas eleições de 2020. A então prefeita Raquel Lyra obteve vitória ampla no primeiro turno, enquanto Erick obteve menos votos do que recebeu no primeiro turno de 2016.
Em 2022, a não renovação do mandato foi um golpe duro, pois colocou Erick de volta às suas funções no estado, governado pela sua ex-adversária Raquel Lyra. Toda essa conjunção de fatores desembocam nesta eleição de 2024, pois Erick terá uma escolha a fazer: tentar novamente uma disputa majoritária ou buscar um assento na Câmara de Caruaru e buscar se fortalecer para os próximos anos.
Com a convenção partidária marcada para o próximo dia 20/07, o Republicanos e Erick Lessa devem chegar a um resultado. E esse resultado será uma peça-chave nas eleições deste ano em Caruaru. Duas perguntas ficam em aberto: Caso Erick decida não ser candidato majoritário, quem herdará o seu capital eleitoral? E qual o potencial de transferência que ele possui sobre este eleitorado?
*Mestre e doutor em Ciência Política (UFPE)