Com o auditório completamente lotado de mães e crianças com microcefalia, a Assembleia Legislativa de Pernambuco realizou nesta segunda (29), uma audiência pública com a presença da secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, que foi convocada para prestar esclarecimentos em relação às cirurgias para crianças com microcefalia e outras síndromes associadas ao zika vírus, o que tem levado essas crianças com menos de 10 anos a fazer uso de medicamentos fortes, como morfina.
A audiência foi uma sugestão do deputado Gilmar Júnior (PV), através da Comissão de Saúde. Ele foi o primeiro a abrir as portas do gabinete para receber a presidente da ONG União de Mães de Anjos (UMA), Germana Soares. Ela visitou deputado por deputado, culminando na presidência da Alepe, que também abraçou a causa das 138 famílias de crianças com microcefalia que enfrentam o mesmo problema na coluna e quadril.
Durante discurso, Germana criticou o não investimento do Estado nas cirurgias que depois de quase 1 ano e 5 meses de governo, não retornaram.
“Não aguentamos mais. Jamais, governadora Raquel Lyra e vice-governadora Priscila Krause, nós imaginávamos que precisávamos, mais de um ano depois, estar aqui implorando por socorro na Alepe, que é a nossa última esperança, porque vocês não podem canetar e autorizar uma cirurgia, para aparecer na mídia dizendo que Pernambuco foi o estado que mais economizou dinheiro no ano 2023. Nas custas de quem? Da gente? Da dor dos meninos? Do óbito dos meninos? Para quê? O Estado não é empresa para economizar, não, o estado tem que investir e a Saúde do estado está defasada”, disse a presidente da UMA.
Germana ainda fez referência a uma crítica feita a ela, pela chefe de gabinete da secretária de Saúde, que chegou a dizer para ela que “não precisava desse Carnaval todo”, quando a representante das mães cobrava reuniões com representantes da pasta.
“Aí depois olham na minha cara e dizem que não precisava desse Carnaval. Então, hoje é dia de Galo da Madrugada, meus amigos. Porque se for Carnaval, a gente vai fazer. Quando vocês nos virem numa TV, num jornal, num Ministério Público, é porque a gente já tentou todas as formas administrativas. Aqui a gente pode ser pobre, a gente pode ser mãe, a gente pode até ser semi-analfabeta, mas a gente não é otária. A gente vai continuar lutando”, completou Germana Soares.