Em meio aos últimos acontecimentos envolvendo o PDT em Pernambuco, Zé e Wolney Queiroz estão cada vez mais distantes de Carlos Lupi, líder da sigla a nível nacional, e da governadora Raquel Lyra (PSDB). O início de tudo foi no dia da nomeação de Ismênio Bezerra, indicado de Lupi para a Secretaria de Criança e Juventude do Estado, quando Wolney nem queria participar da cerimônia. Por intermédio do ministro da Previdência Social, ele compareceu, mesmo com cara de velório, fazendo questão de demonstrar sua pura insatisfação a todos os presentes.
No dia seguinte, ao invés de dar o braço a torcer e aceitar a nova conjuntura, Wolney Queiroz decidiu jogar a primeira pá de terra, dando uma entrevista de cerca de 20 minutos à Rádio Cultura FM, considerada “desastrosa” politicamente. O pedetista alegou que, apesar da entrada na gestão Raquel, não deixaria a aliança com João Campos (PSB) no Recife. Conforme uma fonte informou ao Blog Cenário, a afirmação caiu como uma bomba no governo estadual, provocando puxões de orelha de Lupi em Wolney, que reprovou a participação numa outra entrevista com duas horas de duração, marcada para a semana seguinte.
Ainda ontem (2), como nossa reportagem trouxe, Wolney Queiroz participava de uma agenda de João num extremo da cidade, enquanto o presidente nacional do partido anunciava apoio a Túlio Gadêlha (Rede) em outro ponto da capital pernambucana. O vídeo de Carlos Lupi ressoou como uma desautorização pública ao presidente estadual, afetando diretamente os 35 anos de influência dos Queiroz dentro do partido, tornando a situação praticamente insustentável.
Apesar da relação de amizade que Zé e o filho mantêm com Lupi, o presidente da legenda sempre foi pragmático politicamente. Primeiro quando Wolney ficou a um passo de ser ministro e o presidente do PDT cobrou o cargo para si próprio – deixando o ex-deputado federal sem estrutura para abrigar aliados. Depois, na união com Raquel, rival de pai e filho no estado, mas essencial para a sobrevivência do partido que está à beira da cláusula de barreira. Uma lista com indicados dos Queiroz para a pasta de Criança e Juventude ainda aguarda a nomeação, o que estava previsto para iniciar neste mês de março. Dadas as condições atuais, dificilmente pode ocorrer. Todos conhecem a conduta da governadora e sabem o que acontece com aliados que não rezam sua cartilha. Hoje é a tucana quem dá as cartas e isso pode inviabilizar a candidatura de Zé pelo PDT em Caruaru.
Conforme o Blog Cenário apurou, caso Lupi negue a sigla a Queiroz, duas legendas foram colocadas à disposição para que ele concorra à Prefeitura: o Republicanos, que também está em tratativas bem avançadas com o ex-deputado Erick Lessa (PP), sendo um possível vice na chapa; e o PSB, que nesta semana entrará de vez na pré-campanha do então pedetista. Na última sexta (1º), uma pesquisa interna rodou em Caruaru com duas perguntas relacionadas a João Campos: uma sobre a avaliação da gestão do socialista e outra se o apoio dele influencia na candidatura de Zé Queiroz, comprovando a sintonia entre as duas partes.
A distância do PDT também pode causar reflexos no cargo ocupado por Wolney em Brasília. Uma fonte afirmou que aliados já têm buscado um novo espaço para o então secretário executivo da Previdência, abrindo margem para que o partido de Lupi apoie Rodrigo Pinheiro (PSDB), ungido da governadora Raquel Lyra em Caruaru, que já conta com a garantia de outras legendas da base dela em seu palanque. Uma hora ou outra, os ex-parlamentares precisariam sair de cima do muro, declarando publicamente que escolheram seguir de corpo e alma com João, o que deve acontecer na próxima sexta (8), no evento marcado pelo PSB na Capital do Agreste.