O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede), reuniu alguns veículos de imprensa para uma entrevista na última sexta-feira (8), em Recife. O Blog Cenário e a Cultura FM estiveram presentes.

Entre outros assuntos, ele comentou sobre a disputa interna que acontece na federação Rede-PSOL, tendo ele e a deputada estadual Dani Portela (PSOL) como principais pré-candidatos à Prefeitura da capital pernambucana. A psolista, recebeu 45,12% em sua tese no Congresso Estadual do partido, o que foi um primeiro passo para tentar consolidar o trabalho em torno do nome dela.

Túlio disse que a decisão final será da instância nacional, que tem o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), como presidente da federação. Ele reiterou, por diversas vezes durante a entrevista, que espera que o partido de Boulos retribua os gestos feitos pela Rede no ano passado.

“A gente fez um grande gesto para federação Rede-PSOL em 2022, quando decidimos apoiar a candidatura do João Arnaldo, que se colocou como candidato a governador. Nós tínhamos a intenção de disputar o Governo com o companheiro Maurício Rands, eu filiei ele à Rede e conversávamos sobre isso, sobre esse projeto. Fizemos um gesto recuando da indicação do Maurício; Maurício se tornou nosso pré-candidato ao Senado, e depois Guilherme Boulos veio aqui [em Recife], pessoalmente, para conversar comigo e pedir para que nós retirássemos a candidatura do Maurício Rand ao Senado, porque algumas tendências do PSOL defendiam a candidatura da Eugênia, do PSOL, ao Senado. E nós fizemos esse gesto também, então acreditamos que política é feita de gestos”, contou o parlamentar.

Na eleição passada, Dani Portela recebeu 38.215 votos para a Assembleia Legislativa, sendo 21.463 no Recife. Já Túlio Gadêlha foi eleito para a Câmara Federal com 134.391 votos, sendo 36.594 deles na capital. Em novembro, a Rede também vai iniciar um ciclo de discussões internas, mas Gadêlha defende que o candidato da federação seja escolhido com base em pesquisas que mostrem quem tem mais chance.  

A disputa interna entre Túlio e Dani ainda tem um pano de fundo importante: o Palácio do Campo das Princesas. Enquanto ele é um aliado próximo da governadora Raquel Lyra (PSDB), a deputada estadual é líder da oposição na Alepe. Nos bastidores da política, a expectativa é de que, caso não consiga se fortalecer dentro da federação, Gadêlha pode buscar outra legenda do arco de alianças da governadora, inclusive, com a secretária de Cultura, Cacau de Paula, como uma eventual vice. Ela é filha do ministro André de Paula, que preside o PSD. “Seria uma grande vice”, disse. 

O deputado, no entanto, negou esse tipo de negociação e afirmou que não chegou a conversar com Raquel sobre o assunto.

“Com relação à pretensão, ela [a governadora] sabe que a Rede tem a pretensão de disputar o Recife. Ela sabe que meu nome é um dos nomes que estão colocados, mas não chegamos a conversar sobre candidatura em si. Raquel tem focado no governo e eu tenho focado na aliança dela com o Governo Federal”, explicou.

Apesar de ser aliado da governadora, Túlio Gadêlha, que está num campo ideológico oposto à tucana, ainda pontuou sobre o posicionamento dela em relação a temas como o cumprimento do piso da Enfermagem e a concessão da Compesa.

“Temos várias pautas que eu tenho sinalizado para a governadora Raquel Lyra, que eu não tenho como apoiar, por exemplo: se o piso da Enfermagem vier com uma gratificação, ela vai enfrentar resistência, inclusive da minha parte. Nós não vamos concordar com a privatização da Compesa. Eu defendi isso na Câmara Federal, quando tentaram privatizar a água. É um bem que tem uma função social e não pode estar na mão da iniciativa privada. E a Governadora, em alguns assuntos, ela tem compreendido nossa posição”, disse o deputado.

Túlio também aproveitou a entrevista para fazer críticas à gestão do PSB em Recife.

“Por que as pessoas estão saindo do Recife para morar fora? São perguntas que a gente precisa fazer ao Prefeito. Foram 11 anos de gestão do PSB: 8 de Geraldo Júlio e 3 de João. Se a gente olhar o Censo, nos últimos 12 anos o Recife perdeu quase 50 mil recifenses. Pessoas que saíram daqui para morar fora. O que deu errado na gestão do PSB para que as pessoas tenham escolhido morar fora dessa cidade?”, questionou Túlio Gadêlha.