A corrida contra o tempo de Rodrigo Pinheiro

Opinião
Publicado por Redação
17 de agosto de 2023 às 07h15min
Foto: Jorge Farias

Por Vanuccio Pimentel*

 Não há dúvidas que Rodrigo Pinheiro entrou no jogo político da cidade como uma surpresa. Logo após a renúncia de Raquel Lyra para disputar o governo de Pernambuco, Rodrigo conseguiu ocupar o espaço político deixado por ela e viabilizou a sua gestão em Caruaru.

Também é certo que Rodrigo conseguiu ampliar sua visibilidade e sua popularidade na cidade. Nos últimos 12 meses, ele usou o São João como uma plataforma muito eficiente de se fazer conhecer pela maioria da população. Essa é uma vitória importante no jogo eleitoral, visto que, como vice-prefeito, sua visibilidade era pouca em um governo com a cara de Raquel Lyra.

O jogo para a eleição de 2024 já começou e Rodrigo tem jogado com suas possibilidades: tem atraído lideranças para o seu apoio e tem buscado viabilizar ações e projetos para a cidade. As últimas pesquisas divulgadas são positivas, mas não devem significar mais do que um retrato do momento.  Ainda tem muito tempo até a eleição e o cenário pode mudar bastante.

Porém, é preciso considerar outros pontos. Entre todos os pré-candidatos que se apresentaram, Rodrigo Pinheiro é o único que não tem controle sobre um partido e que não tem o apoio já declarado e definitivo do seu partido. Isso é um problema que pode se tornar maior.

O PL já encontrou em Fernando Rodolfo uma possibilidade interessante para aglutinar o voto bolsonarista e dar visibilidade ao projeto do PL em todo o Agreste. O PDT tem em Zé Queiroz a liderança partidária e eleitoral na cidade sem nenhuma sombra de questionamento. O União Brasil já marcou a posição em torno de Raffiê Dellon.

Atualmente, Rodrigo não possui controle e nenhuma influência sobre a máquina partidária do PSDB e depende exclusivamente da posição da governadora Raquel Lyra para ser realmente candidato. Esse é um ponto de fragilidade que precisa ser melhor analisado.

Desde que assumiu o controle da Prefeitura de Caruaru, Rodrigo Pinheiro tem feito uma gestão descolada do grupo da governadora. Pouco parece ser um governo de continuidade e não dá sinais de representar um projeto partidário, visto que a gestão é fortemente centrada em Rodrigo e não no grupo político no qual ele foi eleito em 2020.

Os principais nomes ligados a Raquel Lyra foram sumariamente exonerados e atualmente a governadora parece não possuir pessoas de sua confiança na gestão municipal. Esse cenário cria muitas dúvidas sobre a possibilidade do apoio de Raquel Lyra à reeleição de Rodrigo, algo que todos os dias é questionado pelas forças políticas da cidade.

Esse ponto é algo que pode significar muita coisa para Rodrigo. Sem a estrutura partidária, ele não consegue viabilizar uma candidatura. Com o apoio de Raquel, (do alto dos seus 83% dos votos conquistados em Caruaru) Rodrigo pode vislumbrar uma campanha mais estruturada e com muito peso político. Sem o apoio de Raquel, ele pode nem ser candidato, e se for, será por uma legenda diferente e com pouco poder de aglutinação.

Até lá, muita coisa ainda pode acontecer e os movimentos dos próximos meses serão cruciais para que possamos compreender qual cenário teremos em 2024.

*Mestre e doutor em Ciência Política (UFPE)

Redação

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