Lucinha Mota se reúne com mães do bairro de Peixinhos, em Olinda

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Publicado por Américo Rodrigo
11 de maio de 2023 às 09h45min
Foto: Divulgação/SJDH

Compartilhar a dor e buscar alternativas para combater a violência contra a juventude periférica foram algumas das temáticas abordadas pela secretária de Justiça e Direitos Humanos, Lucinha Mota, durante visita ao Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças (GCASC), nesta quarta-feira (10), no bairro de Peixinhos, em Olinda. A gestora se reuniu com mães da comunidade, a maioria delas mães solo, assistidas pelo Grupo, e conheceu alguns projetos do GCASC, entre eles o “Mães da Saudade”, voltado para mães de jovens da comunidade que foram assassinados.

Quando me escolheu para estar à frente da SJDH, a governadora Raquel Lyra não só legitimou a minha luta, mas a de todas as mães que tiveram seus filhos assassinados, que foram vítimas de alguma violência. Acredito estar no caminho certo, porque tenho feito com as mães e familiares de vítimas de violência o que gostaria que tivessem feito comigo: acolhendo, escutando e buscando ajudar”, explicou a secretária, que foi recebida pela educadora popular e autora do projeto, Elisangela Maranhão. 

Fundado em 1986, o Grupo tem 37 anos junto à comunidade de Peixinhos, com atuação em políticas voltadas para a criança e juventude. Mulheres da localidade fundaram o grupo em razão do alto índice de crimes e violência contra os jovens do bairro. Hoje, o GCACS trabalha diretamente com o apoio da comunidade e com parceiros da sociedade civil. A equipe é composta por educadores sociais, psicólogos, assistentes sociais, cozinheiros e profissionais da área administrativa.

Em 2012, foi criado o “Projeto Mães da Saudade – laços e destinos que foram exterminados”, com o objetivo de transformar o luto em luta. Atualmente, são pelo menos 92 mulheres inscritas que recebem atendimento psicossocial por meio de terapias comunitárias e ciclos restaurativos. As mães também são incluídas em grupos de discussões mais amplos, que envolvem o Ministério Público e demais entidades que atuam no combate a violência.

Vim aqui para convidar o grupo a trabalhar de forma colaborativa conosco, trazendo suas demandas para que busquemos alternativas para contribuir com a comunidade”, frisou Lucinha. Ainda segundo a gestora, “estimular a cultura de paz e fazer com que o outro compreenda a dor alheia é o grande diferencial desse projeto”. 

Com os jovens, o trabalho do Grupo é voltado para o empoderamento com foco na busca pela prevenção, para que não se envolvam com o tráfico e com o crime na região. São jovens estimulados a serem multiplicadores das boas práticas. Além de serem inseridos nas discussões, eles acompanham o grupo na realização das oficinas de prevenção, realizadas nas escolas de ensino médio da comunidade e em outros bairros, quando convidados. “Os governos precisam atuar com propostas e políticas públicas voltadas para a prevenção dessa juventude tão potente. Inserindo-os no processo do início ao fim, para que não venham a pagar com a vida, como já aconteceu e vem acontecendo com tantos aqui”, disse Elisangela.

Ainda segundo a educadora social, nunca nenhum gestor procurou o projeto para abrir portas e a visita de Lucinha é recebida com muito bons olhos. “Ficamos felizes com esse movimento estar sendo feito se maneira inversa, de estarmos sendo procurados pela secretária. Sempre fomos atrás e não éramos nem recebidos. Agradecemos por essa sensibilidade”, comemorou Elisangela. 

Para o jovem educador comunitário do projeto, Mário Emmanuel, que acompanhou a agenda junto à assessora técnica da SJDH, Glaucia Andrade, o espaço é, principalmente, para a criação de laços afetivos. “O contato que promovemos dos jovens com as mães, através de oficinas e dinâmicas, é essencial para sensibilizá-los da dor que elas passam com a perda dos seus filhos”, reforça. 

CEAV
A visita faz parte do planejamento da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), que por meio da sua Executiva de Direitos Humanos (SEDH), conta com o Centro Estadual de Apoio às Vítimas de Violência (CEAV). A ideia é absorver as demandas, fortalecer e interiorizar a atuação do CEAV, que atua no estado na perspectiva de oferecer apoio e encaminhamentos psicológicos, jurídicos e assistências às famílias das vítimas.

Américo Rodrigo

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