EXCLUSIVO

A Justiça negou uma liminar à vereadora de Caruaru, Perpétua Dantas, para que ela pudesse deixar o PSDB, após ter a legenda negada para concorrer às eleições de outubro. Como revelamos recentemente, ela tem a intenção de se candidatar a uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco e vem nutrindo diálogos neste sentido, com o deputado estadual Clodoaldo Magalhães (PV).

No documento de 203 páginas obtido com exclusividade pelo Blog Cenário, Perpétua justifica a necessidade de desfiliação porque, segundo ela, entre junho e julho do ano passado, quando passou a integrar a oposição, começou a ser perseguida pelos correligionários na Câmara; pela então prefeita e presidente estadual do seu partido, Raquel Lyra; além do ex-secretário de Administração e presidente municipal do PSDB, Henrique Oliveira.

“Se distanciaram de mim em virtude de minha ‘ousadia’ em tentar exercer plenamente o mandato para o qual fui eleita. Se me negar a ser mantida sob tutela é uma afronta, não vou rasgar minha história por conta de um mandato, por mais importância que ele tenha!”, diz Perpétua no processo, citando os colegas da base governista.

No texto, a parlamentar diz ter recebido “negativa antecipada de legenda” para que possa concorrer ao cargo de deputada estadual. Ela ainda anexou diversas matérias de veículos de imprensa, entre eles, este blog, que veiculou a derrota sofrida em uma votação na Câmara, além de um embate com o vereador Leonardo Chaves (PSDB). Na justificativa, Perpétua reforça que vem sofrendo violência de gênero, uma vez que toda a bancada do PSDB é formada por homens.

Outro argumento utilizado pela vereadora foi o “desvio reiterado do programa partidário”. Segundo ela, o PSDB tem raízes históricas de centro-esquerda moderada, mas vem se distanciando do posicionamento, por meio da federação com o Cidadania, bem como pelas negociações com o União Brasil e MDB, o que demonstraria uma aproximação com a direita e extrema direita. Com isso, Perpétua alega ter atuação política incompatível com os ideais que os novos aliados (em Federação) do PSDB pregam.

Ela deu entrada na ação no último dia 30 de março, solicitando a concessão de uma liminar com urgência, dado o prazo para o fim da janela partidária que ocorreria três dias depois, em 02 de abril. A vereadora ainda explicou que se o entendimento da Justiça fosse pela negativa da liminar, ela estaria “impossibilitada de exercer na plenitude seu direito constitucional em ser candidata”.

A decisão foi proferida no dia seguinte (31.03), pela desembargadora eleitoral Iasmina Rocha. A magistrada entendeu que as provas são suficientes para poder fundamentar uma mudança  de partido, entretanto, questionou a data em que Perpétua entrou com a ação, já que os fatos vêm acontecendo desde o ano passado. Por este motivo, o pedido de liminar foi negado.

Confira a decisão da desembargadora:

Entramos em contato com a assessoria de Perpétua Dantas, que ficou de enviar um posicionamento oficial da parlamentar, o que não aconteceu até o fechamento desta matéria.