A caminho de Petrolina para participar da agenda montada pelo prefeito Miguel Coelho (UB), antes da renúncia, o Blog Cenário encontrou o deputado e presidente estadual do PT, Doriel Barros, na passagem por Arcoverde.
Em conversa com o blog, Doriel falou sobre questões importantes, como a participação do PT na majoritária da Frente Popular; o nome de André de Paula no jogo pela vaga do Senado; a saída de Marília Arraes e a briga pelo apoio de Lula; além da possibilidade do deputado federal Wolney Queiroz se filiar ao PT.
Confira:
Cenário: deputado Doriel Barros, no último domingo o PT tinha uma reunião marcada com o núcleo do PSB – o governador Paulo Câmara, o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira – para definir a questão da chapa majoritária aqui em Pernambuco. A reunião foi desmarcada. Já tem nova data para acontecer?
Doriel: nós estamos apenas aguardando a confirmação da presidenta [Gleisi] para nova data. Realmente, por problema de agenda não foi possível, mas estamos dialogando, conversando para que, o mais breve possível, a Frente popular possa apresentar a sua chapa. Claro que a gente tem tempo, a gente trabalha muito com essa lógica da janela partidária, mas evidente que a gente tem um tempo até maior para poder definir a chapa majoritária. Mas eu entendo que, diante do momento que nós estamos vivendo, a gente precisa o quanto antes fechar essa chapa majoritária, e o PT está dialogando, no que for melhor para eleger Lula aqui em Pernambuco e eleger Danilo.
Cenário: então, dentro dessa sua fala, é possível que o PT ocupe a vaga de vice ou ainda está reivindicando o Senado?
Doriel: o PT tem colocado a questão do Senado como uma questão estratégica importante para fortalecer a Frente Popular, para fortalecer o palanque de Lula. Nós entendemos a chapa majoritária como candidato a governador, senador e vice-governador, então, nós estamos construindo dentro desse ambiente a possibilidade de Senado, mas sem ser aquela posição de que “ou é assim ou a gente está fora”. O PT tem um posicionamento já muito claro de que nós vamos caminhar com a Frente Popular.
Cenário: muito se fala numa articulação, inclusive, passando pelo ex-presidente Lula, de que o deputado André de Paula estaria praticamente fechado para disputar o Senado na chapa da Frente Popular. O PT, então, concorda com esse nome de André de Paula no Senado?
Doriel: veja, o PT não pode vetar nenhum nome da Frente Popular. Como a gente também sempre disse que não gostaria que a Frente Popular vetasse qualquer nome do PT. Então, nós também não temos como estar vetando qualquer nome que a Frente Popular e que o governador Paulo Câmara, que é coordenador do processo, possa estar apresentando. André é uma pessoa que tem vários mandatos, é uma pessoa que hoje faz parte de um partido importante, que é o PSD, e nós queremos, inclusive, formar essa aliança política. Não só aqui em Pernambuco, mas no Brasil, pensando também o futuro, junto com a bancada do PSD. Então, eu vejo o nome de André como um nome importante, que de fato a gente precisa dialogar dentro dos compromissos que a Frente Popular está assumindo. Se realmente o PT não ficar com o Senado, não tem nenhuma objeção em relação ao nome do deputado federal André de Paula.
Cenário: recentemente, a deputada Marília Arraes deixou o partido. Ela faz algumas críticas ao senador Humberto Costa e também à direção estadual do PT. Como é que o senhor enxerga essa posição da Marília?
Doriel: ela realmente tem feito críticas que não se fundamentam em relação ao PT, porque todos os movimentos que o PT buscou fazer foi pensando no partido. A gente tinha uma leitura política, de que deveríamos construir um ambiente onde Marília fosse a grande puxadora de votos, para eleger uma grande bancada de deputado federal, que era esse o desejo do presidente Lula. Quando ela disse que gostaria de ser senadora, o PT fez um movimento também, indicou o nome dela, depois ela saiu dizendo que não tinha dado autorização ao PT. Acho que foi muito ruim a saída dela e a forma que ela saiu se posicionando e fazendo crítica ao partido, sobretudo depois de tudo que o partido fez, de ter acolhido ela, de ter proporcionado a ela ser deputada federal, de ter proporcionado a ela a condição de também ser candidata a prefeita do Recife, agora para ser senadora da República. Então, eu acho que ela não deveria ter saído com essa posição de crítica a um partido que abraçou ela com muito carinho, mas respeito. Desejo sucesso para ela, nessa eleição será uma adversária política, inclusive, do projeto que o PT defende aqui em Pernambuco, que é da Frente Popular. Ela nem aceitou a posição nossa e nem aceitou o pedido do presidente Lula para poder ficar e ser candidata a senadora. Então, vida que segue.
Cenário: o PT vai dividir o ex-presidente Lula com Marília em Pernambuco?
Doriel: não há essa posição colocada. Lula, o PSB e nós [PT] também achamos que a experiência de dois palanques não foi, no passado, algo positivo. Então, o posicionamento hoje é um e é o palanque de Danilo. O candidato a governador aqui em Pernambuco, do PT e de Lula, se chama Danilo Cabral, que compõe a Frente Popular a qual o PT está fazendo parte, a partir de uma decisão política nossa aqui em Pernambuco, mas também a partir de uma orientação da direção nacional do PT e do presidente Lula.
Cenário: muito se fala na possibilidade do deputado Wolney Queiroz ingressar no PT. O senhor tem acompanhado esse debate de perto? Como é que está sendo isso?
Doriel: a gente foi informado por Guimarães [deputado federal José Guimarães] que é coordenador do GTE Nacional e tinha dialogado com essa possibilidade, mas eu não tenho muito detalhe sobre isso, porque a gente não chegou a conversar a respeito dessa possibilidade. É claro que o PT está fazendo parte hoje de uma federação. Essa discussão não passa só pelo partido, passa pelo ambiente da federação que é com o PCdoB e o PV, e evidente que a gente quer manter uma representação no Congresso Nacional e aqui em Pernambuco. Estamos trabalhando com os quadros que a gente já tem e buscando, dentro desse ambiente, fazer a melhor chapa possível. Também não podemos fazer movimento de última hora para beneficiar A ou B, porque não encontrou outras alternativas. Então, acho que a gente está muito confiante no que a gente está construindo até agora, mas tem todo um respeito e todo um carinho pelo deputado Wolney Queiroz, mas não tem nenhuma conversa nessa nessa direção, hoje, aqui no estado, com o Partido dos Trabalhadores.