Semelhantes na profissão, os vereadores Anderson Correia (PP) e Perpétua Dantas (PSDB) se tornaram distintos há um tempo. Mas as diferenças se intensificaram depois que o advogado animalista passou para a base da prefeita Raquel Lyra (PSDB) e a também advogada e professora mudou para a bancada de oposição.

Na sessão desta terça (16), durante a votação das emendas à Lei Orçamentária Anual, eles protagonizaram um embate inflamado em relação a uma proposta de Perpétua para aumentar de R$ 5 mil para R$ 15 mil o valor para compra dos materiais de consumo nas campanhas e eventos de enfrentamento à violência contra a mulher. A matéria foi rejeitada, como esperado, mas o que tirou a paciência da parlamentar foi uma crítica feita por Anderson no momento da votação. Sem citar nomes, o vereador fez uma comparação usando o termo “hipocrisia”, que foi o suficiente para iniciar um bate-boca.

“Gostaria de justificar meu voto, senhor presidente. Às vezes, a discussão da violência contra a mulher, ela é muito da boca para fora. Mas quando se fala pra dentro, é só hipocrisia. Meu voto é não”, disse o parlamentar logo após a defesa de Perpétua Dantas a sua emenda.

Ao fim da votação, a vereadora fez questão de responder.

“Com todo respeito, colega, a palavra omissão ou da boca para fora, ou hipocrisia, no caso do enfrentamento a violência contra a mulher, ‘é uma palavra’ que não me define. Se tem algo que não me define é a palavra hipocrisia”, rebateu a parlamentar, que concluiu: “Temos a liberdade de justificar, mas eu acho aqui que nós temos que nos tratar com urbanidade, com coleguismo e com respeito. Então, da mesma forma que eu tenho a obrigação de aceitar a decisão dessa casa e aceitarei seja ela qual for, mesmo discordando, eu posso exigir que na justificativa dos votos às minhas emendas eu seja tratada com respeito”

Anderson não deixou barato e respondeu dizendo que não tinha citado nomes. “Vereadora Perpétua, em nenhum momento eu citei Vossa Excelência.  Eu acho que a senhora se equivocou, porque se eu fosse realmente dizer que a senhora é hipócrita, eu citaria ‘vereadora Perpétua Dantas’. Mas, em nenhum momento, Vossa Excelência, eu citei seu nome e muito menos menosprezei as mulheres do município de Caruaru”, se defendeu. 

Anderson também exigiu respeito, alegando que Perpétua o teria ofendido. “Eu gostaria, Vossa Excelência, de que você também me respeitasse, porque a partir do momento que você me cita sem eu sequer ter citado a senhora, afirmando que eu me referi à senhora, a senhora também está me ofendendo. Então, eu gostaria também de pedir respeito à Vossa Excelência, porque aqui nesta Casa os direitos são iguais”, finalizou. 

“Nobre colega, com todo respeito, eu me senti sim [no direito de citá-lo], porque no momento em que a emenda é minha, que eu fui secretária da mulher e que Vossa Excelência cita o ‘da boca para fora’, a ‘hipocrisia’, existem mensagens e interpretações de subjetividades e subliminares. A gente, para atingir a honra de alguém, principalmente num espaço público como esse, não precisa necessariamente dizer o nome dela”, refutou Perpétua.