Coluna da segunda-feira

A corrida pela vacinação no país não era para ser uma disputa entre governos, mas foi o que se tornou no Brasil, desde o início da pandemia do novo coronavírus. Todos os movimentos do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vêm sendo calculados com vistas a eleição presidencial em 2022. Interesses políticos à parte, o tucano, que já está em campanha, largou em vantagem.

Após ver a tentativa de ir buscar vacinas na Índia ser frustrada, o Governo Federal apostou na alternativa de comprar 6 milhões de doses da CoronaVac, garantidas junto ao Instituto Butantan e bastante criticada pelo presidente Jair Bolsonaro. 

A notícia mais esperada do dia veio através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que autorizou o uso emergencial das vacinas CoronaVac e AstraZeneca/Oxford. Mas a imagem histórica veio do Hospital das Clínicas, em São Paulo, quando, ignorando totalmente o Ministério da Saúde, o Governo do Estado iniciou a imunização e tornou Mônica Calazans, enfermeira negra que trabalha no sistema público de saúde, a primeira brasileira a ser vacinada no país. 

O crédito caiu no colo de João Doria, que desde o princípio bancou a produção da vacina chinesa, que pode ser a grande responsável pelo início do fim da crise sanitária no Brasil. Aos negacionistas alimentados pelas bravatas presidenciais restou apenas o silêncio, e não sobrou outra alternativa a não ser assistir o triunfo de Doria.

Marketing – Minutos após o Governo de São Paulo iniciar a vacinação, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello se pronunciou e classificou, sem citar João Doria, que a ação foi uma jogada de marketing, eleitoreira, e que a utilização das vacinas produzidas pelo Instituto Butantan aconteceu em desacordo com a lei.

Ato simbólico – Logo após aprovação da Anvisa, o ministro Pazuello encaminhou um convite aos governadores para um ato simbólico de recebimento das vacinas, às 07h, em Guarulhos-SP. Em nota, o governador Paulo Câmara (PSB) comunicou que acompanhará a cerimônia do Palácio do Campo das Princesas.

Distribuição – A logística para a distribuição dos imunizantes pelo Ministério da Saúde será feita em trabalho com o Ministério da Defesa. O planejamento é para que os municípios iniciem a vacinação na próxima quarta-feira (20), às 10h. 

Mal exemplo – A deputada estadual Fabíola Cabral (PP) foi flagrada em uma festa realizada para 3 mil pessoas, no Rio Grande do Norte. Nas imagens dá para ver diversas pessoas sem máscara e aglomeradas junto a parlamentar. Num momento em que diversas pessoas morrem diariamente vítima da Covid-19, Fabíola deu uma verdadeira pisada na bola.

Comemoração – Através de uma rede social, a prefeita Raquel Lyra (PSDB) comemorou o resultado anunciado pela Anvisa. “Caruaru está preparada para seguir o plano de imunização do Ministério da Saúde. O sentimento é de emoção e de muita esperança pela chegada de dias melhores para nossa gente”, comemorou a tucana, que é aliada de Doria.