Recife é a capital mais desigual do país, aponta IBGE

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Publicado por Américo Rodrigo
12 de novembro de 2020 às 12h30min
Foto: Divulgação

Recife é a capital brasileira mais desigual, com índice de 0,612, posição que não ocupava desde 2016. A cidade é seguida por João Pessoa (0,591) e Aracaju (0,581). 

Quanto mais perto de 1, mais a renda é concentrada nas mãos de poucas pessoas. 

A desigualdade na distribuição de renda é medida pelo índice de Gini, dado que também faz parte da Síntese de Indicadores Sociais. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (12).

No ano passado, Pernambuco foi o terceiro estado com maior concentração de renda do Brasil, com 0,573, atrás apenas de Sergipe (0,580) e Roraima (0,576).

O índice de Gini do Brasil, o nono país mais desigual do mundo, é de 0,543, inferior aos índices tanto de Pernambuco quanto do Recife. A região Nordeste foi a única do país a ter aumento no índice entre 2018 e 2019.

Extrema pobreza atinge 1,2 milhão de pernambucanos, maior nível em oito anos.

Em 2019, Pernambuco tinha pouco mais de 1,2 milhão de pessoas, ou 13% da população, com renda mensal domiciliar per capita inferior a R$ 151 (US$ 1,9 por dia), critério adotado pelo Banco Mundial para identificar a condição de extrema pobreza. É o maior patamar da série história iniciada em 2012, e o dobro da média nacional, de 6,5%, que se manteve inalterara entre um ano e outro. 

Em 2018, os muito pobres eram 11,4% da população. Os números são da Síntese de Indicadores Sociais 2020 (SIS), divulgada nesta quinta pelo IBGE, com dados relativos a 2019. No Recife, cerca de 115 mil pessoas, ou 7% da população da capital, vivem abaixo da linha de extrema pobreza.

A síntese mostra ainda que a extrema pobreza implica em menor acesso a serviços básicos: 9% dos pernambucanos com renda mensal inferior a US$ 1,90 por dia não têm a cobertura de nenhum tipo de programa de proteção social, 28,6% têm ao menos uma precariedade nas condições de moradia, 38,8% têm dificuldade no acesso à educação, 47,1% não têm conexão à Internet e 66,5% vivem em domicílios sem saneamento básico.

O índice de pessoas pobres em Pernambuco passou de 41,1% em 2018 para 41,8% em 2019. Este foi o pior resultado em sete anos. Isso significa que pouco mais de quatro em cada dez pernambucanos vive com menos de R$ 436 reais por mês, ou US$ 5,5 por dia, de acordo com o mesmo critério do Banco Mundial. O resultado supera a média nacional, de 24,7% da população abaixo da linha de pobreza.

Pessoas de cor preta ou parda têm pouco mais da metade da renda domiciliar per capita dos brancos.

Em 2019, o rendimento médio domiciliar per capita da população pernambucana foi de R$ 954,; no Recife, o valor é praticamente o dobro: R$ 1.899. No ano passado, 75,5% da população pernambucana tinha rendimento médio domiciliar per capita de até um salário mínimo.

Pessoas de cor ou raça preta ou parda tiveram rendimento médio domiciliar per capita de R$ 771, pouco mais da metade do rendimento de R$ 1.347 das pessoas de cor ou raça branca, uma diferença de R$ 576. Além disso, entre os 10% da população com menores rendimentos, três quartos, ou 75,4%, são pretos e pardos. Já entre os 10% com maiores rendimentos, mais da metade, ou seja, 56,5%, é branca.

Américo Rodrigo

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