Como já era esperado, o Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores no Recife aprovou por ampla maioria a manutenção de uma aliança com o PSB, que tem como pré-candidato o deputado federal João Campos. Os petistas que fazem parte das estruturas socialistas resistirão até onde der contra a candidatura da também deputada Marília Arraes (PT). Acontece que o comando nacional da sigla já definiu por Marília na capital pernambucana, e esse é um caminho sem volta.
Hoje o partido ocupa espaços importantes no Governo do Estado e na Prefeitura do Recife, sob a tutela do senador Humberto Costa (PT). Todos eles dissidentes do projeto encabeçado por Marília, claro. O que está em jogo não são apenas os cargos, mas uma mudança geracional do partido no estado e a perda do protagonismo de quem atua na linha de frente da sigla há décadas. A estratégia é diferente da de 2018, quando a então vereadora do Recife tinha reais chances de vencer o páreo, mas foi fritada na reta final. Hoje ela tem respaldo nacional.
No final das contas, Marília acabou sendo a segunda federal mais votada do estado. Única mulher representando Pernambuco no Congresso Nacional. Ela se fortaleceu mais ainda e conta também com o apoio do ex-presidente Lula para encarar essa disputa. O PT tem a chance de retomar o seu protagonismo e iniciar um novo ciclo. A parlamentar pode não ter o apoio irrestrito do seu partido, mas conta com um forte apelo social que clama por mudanças.
O jogo sujo de alguns agentes pode até agradar ao Palácio do Campo das Princesas, mas não a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, que tem acompanhado de perto cada movimento e é uma das entusiastas da candidatura de Marília. Atuar para sabotar uma candidatura desse quilate não é o mais inteligente, principalmente quando o cavalo resolve passar celado pela segunda vez, o que não acontece todo dia na política.