A Operação Inópia, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco nesta quarta-feira (03), investiga um contrato de R$ 12 milhões firmado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude para a distribuição de cestas básicas.
De acordo com a delegada Viviane Santa Cruz, o contrato foi firmado com a empresa Juntimed Produtos Farmacêuticos e Hospitalares. A linha de investigação inicial apura a capacidade técnica da empresa para um contrato que previa a distribuição de 200 mil cestas básicas a famílias de baixa renda do estado no período de 120 dias a partir de maio, em razão da pandemia da Covid-19.
“A empresa não é principalmente de gêneros alimentícios. Quando apuramos, inclusive, com a própria Polícia Federal, a empresa não teria em seu cadastro informações de existência de funcionários e não tem nenhum carro registrado. Então, como uma empresa dessa, que antes era uma gráfica, e se tornou a quatro meses em farmacêutica, fez contrato com Pernambuco de cesta básica? Foram essas as suspeitas”, disse Viviane Santa Cruz.
A distribuição das cestas básicas ocorreriam em diversos municípios de Pernambuco. Segundo a investigação, o custo por cesta básica no contrato firmado entre o Estado e a empresa ficou em R$ 63,00. A empresa Juntimed tem outro contrato firmado com a Prefeitura de Olinda, que é objeto de outra investigação, da Polícia Federal, em que o valor da cesta básica saiu por unidade ao custo de R$ 40,00.
Segundo a investigação, do total de R$ 12,7 milhões do contrato, cerca de R$ 8 milhões já foram empenhados. O contrato foi firmado em maio e tem extensão de 120 dias.
Durante a operação nesta quarta-feira (3), foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, na residência dos sócios no Recife, em Brasília e em uma cidade de Goiás e na sede da empresa, que fica em Paudalho, na Zona da Mata de Pernambuco. Documentos, celulares, entre outros, foram apreendidos. Uma cesta básica que estava no local foi apreendida para verificar compatibilidade com o que previa o contrato com o Governo de Pernambuco.
De acordo com a Polícia Civil, na casa de um dos sócios no Recife foi apreendida a quantia de R$ 50,6 mil em espécie. O nome dos proprietários da empresa não foi divulgado.
Ainda de acordo com o promotor Sérgio Tenório, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a sede da empresa tinha apenas uma fachada com nome escrito a papel e caneta. A empresa não tem funcionários de carteira assinada registrados nem veículos próprios para transporte dos fornecimentos.