“Hoje comemoramos o dia do trabalhador. No momento não há muito o que celebrar. Os números são horríveis, temos mais de 12 milhões de desempregados no Brasil. A crise econômica instalada pelo necessário isolamento social possibilitou ainda um expressivo número de demissões em massa, aumentando sobremodo a taxa de desocupação.
A pandemia trouxe à visibilidade uma classe de trabalhadores até então invisíveis, os informais. Especialmente aqui, na Capital do Agreste, temos um número expressivo de trabalhadores nestas condições. São estes que movimentam a economia local vendendo seus produtos ou prestando seus serviços nas ruas e feiras da nossa cidade.
Em resposta à crise econômica, o Governo Federal se comprometeu ao pagamento de um auxílio emergencial, o que escancarou a vulnerabilidade destes indivíduos.
A proposta era bem simples. Baixem um aplicativo. Mas como? Muitos não têm smartphones. Estejam com o CPF regular ou regularizem on-line. Mas como? Alguns não têm acesso à internet. Consultem diariamente o aplicativo para acompanhar a solicitação. Como? Tantos que não sabem ler! Muitos deles sequer têm documentos de identificação pessoal.
Parece que estes indivíduos nem existiam, mas não é que existem? E agora aparecem, brotaram da invisibilidade.
Os ocupantes do poder, ao seu turno, não formularam políticas públicas de alcance à essa classe de trabalhadores, agora se apresentam como protagonistas do socorro às essas pessoas, essas mesmas que nunca foram vistas por aqueles.
Se em algum momento você tentou usar os serviços públicos para emissão de documentos, por exemplo, você vai entender perfeitamente o que estamos tratando aqui. Uma burocracia sem limites, uma fila interminável, um agendamento virtual que não se efetiva.
As feridas aos direitos humanos dessas pessoas estão abertas há muito tempo. A invisibilidade social, gera vulnerabilidades e exclusões que aplicativo de smartphone nenhum é capaz de solucionar.
Após todas as instabilidades trazidas pela pandemia, estamos falando do NOVO NORMAL, será que nesse contexto esses trabalhadores serão vistos? Será que no novo normal estes trabalhadores terão espaço de visibilidade, com formulação de políticas públicas efetivas e inclusivas? Esperamos que sim!
Apesar das tristes constatações, hoje é dia de parabenizar estes invisíveis – agora bem destacados – pelo dia do trabalhador. Estes que contribuem, com muito esforço, para produção das nossas riquezas e são a marca da nossa terra, enaltecida por sua feira, reconhecida pelo IPHAN como patrimônio imaterial brasileiro, um espaço que abriga estes invisíveis, por ora visíveis.”
Weslley Nascimento
Advogado
Conselheiro da OAB Caruaru
Líder Municipal do Movimento Acredito
Formado pelo RENOVABR