Mesmo com a crise de saúde pública instalada no Brasil, devido à pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir, nesta quinta-feira (16), o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Os dois já não estavam falando a mesma língua há dias, mas a tensão entre eles se agravou esta semana, após a entrevista de Mandetta ao Fantástico.
Ainda no mês passado, o instituto Datafolha mediu o desempenho do Ministério da Saúde e de Bolsonaro no enfrentamento à Covid-19. O trabalho realizado por Mandetta foi aprovado por 76% dos entrevistados. Já Bolsonaro teve apenas 33% de aprovação, segundo pesquisa.
Durante lives feitas por artistas para apoiar o isolamento social, vídeos do ministro que parecem não ter sido combinado com o Planalto, foram veiculados. Sem citar o então ministro, o presidente gerou polêmica em uma de suas declarações, ameaçou demitir integrantes do governo que segundo ele, viraram estrelas. “Não tenho medo de usar a caneta”, disse. Em outra transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro fez questão de alfinetar o ministro dizendo que “o médico não abandona o paciente, mas o paciente pode trocar de médico”.
Com o aparente descontentamento e aproveitando sua mais nova popularidade política, no último domingo (12), Mandetta entregou os pontos e decidiu dar uma entrevista exclusiva à Globo, emissora odiada pelos bolsonaristas. Durante a reportagem, o ministro fez críticas a descumprimentos do isolamento social, usando exemplos praticados pelo presidente. A entrevista foi a gota d’água para o fim deste relacionamento já tão desgastado.
Resta aguardar como a demissão vai afetar a saúde pública no país e as ações contra o avanço da Covid-19. O nome mais cotado para assumir o cargo é o do oncologista Nelson Teich, que foi consultor da campanha no setor de saúde e já tinha sido cogitado para ocupar a pasta.