A notícia de que o governo federal cortou 158 mil beneficiários do Bolsa Família neste mês de março, em meio à crise gerada pelo novo coronavírus, maior parte delas no Nordeste, provocou reação dos parlamentares. O deputado Danilo Cabral (PSB), presidente das frentes parlamentares em Defesa do Sistema Único de Assistência Social e do Nordeste, criticou a ação do governo e fará um aditivo à solicitação de auditoria ao Tribunal de Contas da União de fiscalização do programa, tanto em relação à destinação das novas bolsas e os cortes atuais.
“Estamos no esforço para buscar soluções para que as pessoas mais vulneráveis atravessem essa crise, aí vem o governo e corta benefícios. E o pior é que a maioria desses cortes ocorreu no Nordeste, que concentra o maior número de pessoas necessitadas e ainda desassistidas pelo programa”, afirmou Danilo Cabral. Na região, são 939,6 mil famílias em situação de extrema pobreza sem acesso ao Bolsa Família. Ele ressalta que o próprio governo anunciou, entre as medidas para o combate à pandemia, que aumentaria o programa. “Na prática, não é isso que estamos vendo”.
De acordo com reportagem é do site de notícias Uol, Dos 158,4 mil bolsas a menos em março, 96.861 (ou 61,1% do total) foram retirados do Nordeste. A região que responde por metade dos benefícios totais do país. O parlamentar lembra que, em janeiro, a região recebeu apenas 3% dos novos benefícios do Bolsa Família enquanto o Sul e Sudeste responderam por 75%.
Em janeiro, Danilo Cabral denunciou a fila de espera para o cadastro do Bolsa Família. Acionou a Procuradoria-Geral da República, em fevereiro, para adotar providências. No início deste mês, apresentou um requerimento de convocação do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, para prestar esclarecimentos ao Plenário da Câmara Federal, além de apresentar um pedido de auditoria ao Tribunal de Contas da União (TCU) para fiscalizar o programa.