Artigo: “Um forasteiro de Alagoas…”

Opinião
Publicado por Américo Rodrigo
19 de julho de 2019 às 08h02min
Foto: Divulgação

Quem conhece um pouco da história de Caruaru, sabe que nossa amada cidade cresceu no entorno da Igreja da Conceição e que a feira, era e é o principal pulmão econômico do município, onde homens e mulheres trabalhavam e trabalham ainda hoje, mostrando a força que nosso comércio possui. Muitos destes cidadãos não são nascidos no “País de Caruaru”, mas contribuíram e contribuem para o desenvolvimento econômico desta cidade, que é conhecida por seu comércio diversificado e ainda em crescimento e onde tudo se encontra, como canta Onildo Almeida: “de tudo que há no mundo tem na Feira de Caruaru”.

Meus dois avôs, Oscar Mariano e Cordovil Dantas, foram homens que não nasceram em Caruaru, mas fizeram história, onde são lembrados ainda hoje. Pois, quem nunca ouviu falar no restaurante Brasileirinho, que vendia a famosa sopa de feijão, onde todos os dias centenas de trabalhadores iam se deliciar ao final de mais um dia de trabalho. Meu avô, Oscar, era o proprietário deste restaurante, porém veio morar muito cedo em Caruaru, vindo de sua cidade natal, Palmares – PE, onde começou trabalhando como garçom no antigo Guanabara, e depois de muito esforço iniciou seu próprio negócio, onde tinha aproximadamente 25 funcionários, e assim ajudou no desenvolvimento do município. Já o meu outro avô, Cordovil Dantas, era militar aposentado, radialista e seresteiro. Trabalhou em várias rádios e Caruaru, e durante décadas sempre aos sábados, cantava no Palace Hotel, onde os boêmios e admiradores de uma boa música, iam passar suas noites escutando músicas de Nelson Gonçalves, Altemar Dutra e tantos outros. Além, disto ele foi durante muito tempo, funcionário da Prefeitura Municipal, onde desempenhava sua função com muito zelo e amor por Caruaru.

Pois bem, o motivo desta explanação sobre meus avôs, é para mostrar que não é necessário nascer em Caruaru, para se fazer história e ajudar com o desenvolvimento da cidade. Não é obrigatoriamente ser nativo para amar ou lutar por melhorias para “Princesinha do Agreste”. Digo isto, por ter me incomodado com a fala do senhor João Lyra Neto, político tradicional de Caruaru, onde o mesmo disse numa rádio a seguinte frase: “Um forasteiro de Alagoas”. Ele quis com essa frase, atingir uma pessoa, porém quando disparamos palavras para atingir alguém, outras centenas podem ser atingidas. Ex-prefeito, meu avô Cordovil Dantas, era natural de Alagoas, nascido em Maceió, e era um apaixonado por Caruaru e pelo Central.

Acredito que o ex-prefeito deveria ter mais cuidado com as palavras, e evitar conceder entrevistas quando estiver com raiva de alguém, pois ofender as pessoas, além de ser deselegante, pode ser um tiro no pé, pois os “forasteiros” de diversos estados brasileiros e que moram em Caruaru, além de pagarem seus impostos municipais, também são eleitores.

Oscar Mariano

Neto de dois “forasteiros”

Américo Rodrigo

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