Dani diz que presença de dirigente do PSOL em ato de Túlio pode caracterizar infidelidade partidária
Em mensagem enviada num grupo de WhatsApp, a deputada estadual e pré-candidata a prefeita do Recife, Dani Portela (PSOL), criticou a presença de uma dirigente do partido no ato com mulheres, promovido pelo também pré-candidato a prefeito, o deputado federal Túlio Gadelha (Rede), na sexta-feira (17).
Ambos travam uma batalha sobre quem será o nome que representará a federação Rede-PSOL na eleição do Recife. No mês passado, o PSOL emitiu nota afirmando que a federação teria decidido seguir com Dani. Já a Rede se posicionou negando que o martelo foi batido, garantindo que a nacional é quem vai decidir.
Depois do ato de lançamento da pré-candidatura de Dani Portela, na última quarta-feira (15), em que diversas mulheres se fizeram presentes, a pré-campanha do deputado federal também realizou um ato voltado ao público feminino, intitulado “Mulheres com Túlio”. Entre as participantes do evento, apenas uma representante do PSOL, Cleide Andrade, que compõe a direção estadual do partido.
Na mensagem interna, que acabou vazando na manhã desta terça-feira (21), Dani expôs a presença da correligionária, que já tinha participado do lançamento da pré-candidatura de Túlio, em março.
“Deixei passar da primeira, mas agora acho um desrespeito não a mim, mas a decisão reiterada do conjunto do nosso partido e da unanimidade dos presentes na reunião da federação”, diz Dani em um trecho da mensagem. “A companheira, pode não concordar com a decisão que referendou nossa candidatura, mas não seguir publicamente decisão coletiva pode caracterizar inclusive infidelidade partidária. Porque na postagem e nas matérias jornalísticas o PSOL estava representado como se referendasse o apoio ao deputado. Isso não é verdade”, completou em outro momento.
Dani também desabafa sobre o embate que vem travando na federação.
“Todas nós aqui sabemos o alto preço que cada uma paga para fazer política. Não tem sido fácil se manter de pé diante do show de machismo, racismo e misoginia contra nós. Queria um dia poder partilhar o grau de pressão que venho sofrendo por parte do movimento irresponsável de Túlio. Vamos virar essa página, cair em campo e botando nossas campanhas nas ruas, como sabemos fazer”, escreveu.
No fim da mensagem, Dani Portela pede uma reunião com as mulheres do partido, para que possam expor suas opiniões e que Cleide possa explicar seus motivos. Através de uma breve nota, a assessoria da deputada disse que vai tratar do assunto internamente, na noite de hoje.
“A deputada Dani Portela não irá comentar o conteúdo da mensagem vazada. O assunto será debatido em reunião da Executiva do PSOL realizada hoje à noite”, disse.
A dirigente do PSOL citada por Dani na mensagem enviou nota ao blog, criticando a parlamentar. Ela disse que tem sido perseguida pela ala da deputada.
Confira:
Foi com espanto, e também com muita tranquilidade sobre as consequências dos meus atos, que recebi o comentário no grupo de Whatsapp da Direção do PSOL por parte da Deputada Dani Portela.
Antes de mais nada, é preciso destacar o valor da liberdade de expressão, de consciência e de associação dentro de qualquer partido. Ao expor meu apoio à pré-candidatura do Deputado Túlio Gadêlha, da REDE, exerço meu direito democrático de me posicionar e participar ativamente do debate político.
Aproveito para ressaltar que o Deputado Federal Túlio Gadêlha, assim como a Deputada Dani Portela, também é pré-candidato a prefeito do Recife, e entendo como importante a participação do PSOL nos atos de pré-campanha da REDE, assim como faz a REDE nos atos promovidos por nós do PSOL, haja vista que os debates internos sobre a escolha do nome que representará a Federação PSOL/REDE nesta eleição majoritária do Recife ainda não foram esgotados.
A perseguição que venho enfrentando por parte da Deputada Dani Portela e de membros do PSOL é preocupante, e vai de encontro aos princípios democráticos que o partido defende. Em uma democracia saudável, é essencial que haja espaço para o diálogo e para a diversidade de opiniões dentro das próprias fileiras partidárias e assim também se faz o PSOL, como é sabido por todos.
É fundamental, então, que o PSOL reafirme seu compromisso com a liberdade de pensamento e de associação, repudiando qualquer tentativa de cercear a atuação política de seus filiados. A pluralidade de opiniões é uma riqueza que deve ser incentivada, porque valoriza o debate político e fortalece a democracia.
Portanto, defendo veementemente meu direito legítimo de expressar convicções políticas sem sofrer quaisquer represálias ou perseguições por parte de membros do meu próprio partido.
Cleide Andrade
Dirigente estadual do PSOL de Pernambuco e presidenta do diretório municipal do PSOL de Paulista