Em um discurso acalorado, na sessão ordinária desta terça-feira (8), na Alepe, a deputada estadual Dulci Amorim (PT), falou sobre os episódios do último fim de semana, quando ela foi acusada pelo deputado Romero Albuquerque (PP) de tentar desarticular a CPI do Caso Beatriz.
“E por que eu coloquei que se até ontem essa CPI chegasse, eu assinaria? Porque houve blefe o tempo todo, carnaval o tempo todo em cima dessa CPI. E eu lamento pelos colegas, que assim como eu sofreram muitas ‘enxurralhadas’. Eu lamento que alguém tenha coragem de tornar nossas vidas em perigo. Eu lamento que alguém que não tem escrúpulo teve coragem de jogar o nome dessa Casa na lama”, disse a parlamentar.
Dulci ainda lembrou que após ela afirmar que seria a 17ª assinatura que faltava para que a CPI saísse, foi acusada de querer salvar seu mandato. “Isso é muito cruel”, disse ela, afirmando que foi colocada como bode expiatório: “isso é uma política de ódio”. Dulci ainda insinuou que o colega estaria se aproveitando da “desgraça alheia” para se promover.
“No dia 28 de janeiro, o autor da CPI me enviou uma mensagem dizendo que só faltava uma assinatura. Eu praticamente não falo no grupo dos deputados estaduais, e ontem eu falei: ‘cadê a lista?’ Agora, o que eu não entendi desse fato todo, dessa parafernália toda, desse teatro todo que foi criado aqui dentro da Assembleia. Como é que se diz que existe uma CPI, se não existe nenhum requerimento dado entrada?”, disse a parlamentar.
Para que o requerimento seja apresentado na Alepe é preciso, primeiro, que tenha um terço de apoio da Casa, o que ainda não aconteceu. Como condição para assinar a CPI, Dulci disse que queria receber o documento até o pôr do sol de ontem (7), contendo os outros 16 autógrafos, mas o requerimento não foi enviado.
Em entrevista no último fim de semana, Romero afirmou que já tinha garantida as assinaturas de 16 parlamentares, entre eles três que fazem parte da base do governo e tiveram suas identidades preservadas. Na mesma entrevista, o deputado fez diversas acusações contra Dulcicleide, o que gerou críticas contra a colega, que ainda disse ter sido colocada em risco.
“Eu quero pedir respeito pela minha história, pela vida da minha família e pelo meu nome que eu venho construindo há 48 anos. E não vai ser qualquer um que vai manchar o meu nome”, disse a parlamentar, se referindo a Romero, o desafiando logo em seguida: “e foi por isso que eu não fui para os meios de comunicação falar, foi por isso que eu vim para cá falar, porque eu queria ser desafiada por ele, porque ele foi um inconsequente, quando joga o nome dessa casa no lixo em nome de interesses próprios dele”.
Dulci ainda cobrou colegas bolsonaristas, que têm ligação com o Governo Federal, além de apoio de deputados e senadores, entre eles Antonio Coelho (DEM) e o próprio Romero Albuquerque, que não articularam pela federalização do caso.
Em resposta, Romero afirmou, dizendo que o documento só não foi protocolado por conta da colega. “Não temos ainda as 17 assinaturas, porque a deputada Dulcicleide fez um teatro dizendo que iria assinar e, até o momento, ela ainda não assinou”, disse Romero, que ainda alfinetou: “infelizmente, tem pessoas que não têm condições de representar a população pernambucana nem no estado, imagina no exterior?”.
O deputado ainda reiterou que o interesse da CPI é o de esclarecer o caso e ajudar a Secretaria de Defesa Social. Já o jurídico de Dulci está providenciando uma denúncia contra Romero na Comissão de Ética da Casa. Após a troca de acusações, a Alepe retirou do ar o vídeo da sessão desta terça, mas o Blog Cenário conseguiu salvar alguns trechos.
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