“Toda eleição é um marco no processo político de uma cidade. Mas estas eleições representam o fim de uma era em Caruaru. Não teremos Tony Gel e nem Zé Queiroz na disputa, nem teremos ninguém que represente diretamente estes grupos.
A situação ganha contornos mais dramáticos quando se percebe que os grupos de Tony Gel e Zé Queiroz implodiram. Não acho exagero afirmar que eles implodiram, porque não conseguiram sequer se articular para apresentar nomes alternativos para a disputa. Simplesmente, não há nomes para representar estes grupos.
A saída destes dois líderes da disputa cria um vácuo eleitoral difícil de ser ocupado. Tony Gel obteve mais de 46% dos votos no segundo turno em 2016. Quem herdará este patrimônio eleitoral? É difícil até opinar.
Zé Queiroz, por sua vez, representaria a maior ameaça direta a Raquel Lyra nesta eleição. Os dois disputam a mesma faixa do eleitorado e a comparação com o governo Queiroz seria inevitável. O governo Raquel carece de uma identidade, pois ao optar por investimentos em praças, parques e urbanização terminou por fazer escolhas muito próximas ao governo Queiroz.
E agora, o que será das eleições de 2020? É muito cedo para afirmar qualquer coisa de seguro, pois ainda existe uma disputa pela frente. Mas o que fica claro é que será uma disputa aparentemente mais fácil para Raquel.
Sem adversários com densidade eleitoral para fazer qualquer polarização e com apenas 45 dias de campanha, Raquel pode optar por uma estratégia evasiva. Sumir dos espaços de debate público e apostar que os opositores não vão conseguir pautar nada de ameaçador à sua reeleição.
Tudo isso vai depender muito de quem será capaz de criar algum espaço de polarização. Vejamos os próximos capítulos.“
Vanuccio Pimentel
Doutor em Ciência Política