Além da retrospectiva a partir do dia em que tomou posse pela primeira vez como o prefeito mais jovem entre as capitais do país, fazendo um balanço das ações da sua primeira administração, o gestor reeleito do Recife, João Campos (PSB), soltou indiretas e deu indicativos sobre seu futuro político na cerimônia realizada hoje (1º), que o empossou pela segunda vez.
Afirmou que não veio até aqui “para dividir a política entre ‘nova’ e ‘velha’, entre ‘boa’ e ‘má’”, defendeu que na ‘política positiva’, não há espaço para super-herói, sabe-tudo, nem dono da verdade. Também soltou uma série de torpedos que foram sentidos como direcionados à governadora Raquel Lyra (PSDB), que realizou um evento com prefeitos no fim do ano passado, utilizando uma lista que dividia os gestores entre aliados e adversários.
“Quem divide mais, entrega menos. Ninguém muda uma cidade, um estado ou um país de cara fechada ou tentando fazer o jogo apenas para a sua torcida”, disse num trecho, relacionando a força da Frente Popular, com a capacidade de sempre encampar um projeto de futuro. “É uma frente que avança, porque entende a importância da unidade que se constrói na diferença”, completou.
João Campos também falou de sonhos e deu sinais sobre a disputa que deve travar em 2026 pelo Palácio do Campo das Princesas, dizendo que “nunca a vontade da população apontou tanto para uma direção”. Ele resgatou histórias do pai, o ex-governador Eduardo Campos, que morreu há mais de 10 anos quando disputava a presidência da República. “Mais do que uma agenda, Eduardo plantou desafios que o colocaram à frente do seu tempo”, iniciou, afirmando ter aprendido com ele o caminho que deve seguir.
“É pelo Recife, por Pernambuco e pelo Brasil que a gente não vai deixar de lutar”. Foi assim que João finalizou a fala, logo após repetir uma frase de Gilberto Freyre, citada pelo pai no discurso de renúncia em 2014, mas também antes disso, na posse em 2011. Na época, Eduardo iniciava seu segundo mandato como governador, já tendo a intenção de ser candidato a presidente. O que João Campos quis passar ao longo dos mais de 20 minutos em que usou o microfone não precisa ser dito com todas as letras, mas para ser mais óbvio que isso, só desenhando. Para bom entendedor, meia palavra basta.