Por Fernando Ferro e Pedro Alcântara*
O PT saiu das eleições municipais do Recife com uma cadeira a menos na Câmara de Vereadores. O resultado não é bom e prova os limites da tática escolhida pelo partido para o pleito desse ano na capital.
Porém, a nova bancada petista traz uma novidade: pela primeira vez será composta exclusivamente por mulheres. São elas Liana Cirne, reeleita, e Kari Santos, jovem que conquistou seu primeiro mandato. São duas mulheres com posturas firmes, que possuem forte vínculo com o voto de opinião da base petista.
Sem dúvida a reeleição de Liana foi muito importante para o partido, sobretudo com a votação expressiva que alcançou. No entanto, a sensação dessa eleição foi a eleição de Kari Santos, uma vitória simbólica em vários níveis.
Kari Santos é uma jovem estudante, o mais jovem quadro a conquistar um mandato no Recife em toda a história do PT, um partido que precisa mais do que nunca renovar-se, como vem defendendo veementemente figuras como o ex-ministro José Dirceu. Ao mesmo tempo, vem da periferia, num momento em que o PT e toda a esquerda lutam para se reaproximarem de sua base social. E ainda mais: é uma exímia comunicadora das redes sociais, universo dominado pela extrema direita e cuja disputa é uma das prioridades do PT para a próxima década.
Kari fez uma campanha ideológica e modesta, sem grandes estruturas, e mesmo assim teve uma votação contundente, com mais de 9 mil votos, demonstrando a vontade política da base petista recifense por renovação e pelo fortalecimento de quadros que defendam o legado de Lula e do partido na cidade.
Por tudo isso, Kari Santos foi a grande novidade da esquerda em Recife esse ano. E se o PT local e suas maiores lideranças tiverem visão de futuro e projeto partidário fortalecerão esse quadro que ajudará a levar o partido a lugares onde ele não tem mais chegado.
Vejamos o que ocorrerá.
*Ex-deputado federal e dirigente estadual do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco