O deputado Tadeu Alencar (PSB), vice-líder da Oposição na Câmara, acusou o presidente da República de estar apostando no caos e na instauração de um regime de exceção no Brasil. E cobrou das Forças Armadas uma “posição inequívoca” de defesa da Democracia e do Estado de Direito. Em mais uma manifestação de aliados a que compareceu, onde se pedia intervenção militar e se afrontava o Supremo Tribunal Federal e o Legislativo, no domingo, em Brasília, Jair Bolsonaro disse que “o povo e as Forças Armadas” estavam do lado dele e que sua paciência chegou no limite”.
Nessa segunda-feira (04), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, divulgou nota dizendo que o Exército, a Marinha e a Força Aérea estão com a Constituição e são contra agressões à imprensa. O teor da nota, no entanto, está sendo considerado ameno para o comprometimento da instituição com o governo que foi alardeado por Bolsonaro. “As Forças Armadas são instituições de Estado e, por isso, não podem se misturar com os desatinos de nenhum governo, qualquer governo. Eu sei que os militares pensam diferente. Que nas escolas militares se ensina o respeito à Constituição e aos preceitos democráticos. Com certeza, eles não compactuam com essa insanidade crescente que está jogando o Brasil no caos”, salientou Tadeu Alencar.
Tadeu, que tem pautado sua linha de atuação por uma firme oposição a Bolsonaro em razão das crises sequenciadas que provoca, voltou a criticar as aparições públicas do presidente da República que contrariam todas as recomendações de autoridades sanitárias, como a Organização Mundial de Saúde e o próprio Ministério da Saúde. No último final de semana, o presidente esteve presente em uma manifestação contra o STF e o Congresso, inflamando os seus aliados com palavras não condizentes com a compostura que se espera do Chefe da Nação e assistindo, placidamente, à agressão sofrida por jornalistas do jornal O Estado de São Paulo.
“Não tenho nenhuma dúvida de que o presidente da República percorre um roteiro perigoso, de tentar apagar o fogo com gasolina. Isto, num momento que pede muita tranquilidade nas relações interfederativas de todos os níveis, para combater um mal que já ceifou mais de 7 mil vidas de brasileiros”.
E completa: “Ele cria instabilidade como método de trabalho. Desobedece à OMS, vai para a rua, expõe pessoas à contaminação. Mas o mais grave é o incômodo que ele revela com a Democracia, com o funcionamento livre das instituições. Agora, afirma que chegou ao limite e que tem o apoio das Forças Armadas. Não tem declaração mais clara e atentatória à Constituição. Quem está chegando no limite é a sociedade”, afirmou o parlamentar.