O deputado federal Fernando Rodolfo (PL), presidente da Comissão da Infância e Adolescência da Câmara, esteve em Campinas (SP) nesta semana, liderando uma diligência especial do colegiado, que apura denúncias de exploração sexual de adolescentes oriundas de várias partes do País. Segundo investigações de órgãos daquele estado, o bairro Jardim Itatinga, onde aconteceu a fiscalização, é de domínio da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). “Onde houver uma adolescente pelo menos sendo explorada sexualmente, é nossa responsabilidade defendê-la, e pra mim não importa quem tem o domínio da área”, disse o presidente da comissão. 

Fernando Rodolfo descreveu a situação do bairro como “estarrecedora e inconcebível”. No local, os deputados avistaram as adolescentes nuas em plena rua. Trazidas de diversos estados por aliciadores, as jovens têm horário a cumprir e sofrem multas por diversos motivos. “É daí que vem a exploração sexual. Elas simplesmente não têm como sair dessa vida. Não à toa o nome é crime organizado, porque há toda uma sistemática montada aqui. E o Ministério Público de São Paulo e outros órgãos apontaram que é o PCC que regula o funcionamento de todos esses estabelecimentos“, detalhou Fernando Rodolfo.

Ainda de acordo com o deputado, as famílias das adolescentes teriam consentimento, mas não podem interferir. “As famílias nem sabem onde essas jovens estão, pois a maioria delas utiliza documentos falsos. Elas chegam aqui pelo trabalho de aliciadores, cada rua tem pelo menos um. É um bairro inteiro assim, uma realidade chocante. Elas têm casa para dormir, mas têm que estar no salão das 20h às 4h da manhã, pagam multa por atraso, têm que arrumar o quarto senão pagam multa. Muitas devem mais de R$ 3 mil, então ficam reféns desse sistema”, completou.

Fernando Rodolfo já colheu as assinaturas necessárias para um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara, que deverá ser instaurada em 2024, e apresentou um projeto de lei que endurece as penas para esses crimes. Ele prometeu novas iniciativas para os próximos meses.

“Não temos outra saída a não ser enfrentar esse problema com dedicação, com muita pesquisa, mas também é preciso muita coragem. O Brasil é o segundo país do mundo no ranking de tráfico infantil e de exploração sexual de adolescentes. Não podemos permitir que nossa juventude seja perdida dessa forma. É preciso jogar luz nesse problema, que é tão sério quanto a dependência química e que destrói famílias inteiras“, concluiu Fernando Rodolfo.